Cinema/TV

Diretor de ‘Tropa’ e ‘Narcos’ fará série baseada na Lava Jato para a Netflix

José Padilha assinará produção que foi confirmada pela operadora de TV por streaming; brasileiro vive na Califórnia

DA REDAÇÃO – Muito em breve, ficará mais fácil para que brasileiros (e, quem sabe, o mundo) entendam o complexo processo pelo qual o país passa, com a operação Lava Jato, conduzida pela Policia Federal, sacudindo e alterando profundamente o mundo politico. A operação, que desvendou um dos maiores escândalos de corrupção da historia brasileira, enraizado no coração da principal estatal do Brasil, a Petrobras, será o tema da série, cuja produção foi confirmada na sexta-feira (15) pela operadora de TV por internet Netflix.

Com lançamento previsto para 2017, a atração ainda não tem título definido (há quem diga que se chamará “Jet Wash”) nem número de episódios da primeira temporada.

A direção ficará a cargo do cineasta brasileiro José Padilha, que já assina Narcos, série original do serviço de streaming, sobre a vida do narcotraficante Pablo Escobar. A produção será escrita por Elena Soares, de filmes como Xingu e Casa de Areia.

“Esse projeto vai narrar a operação policial em si e mostrar detalhes sobre o maior esquema de corrupção já visto no Brasil”, disse Padilha, em comunicado da Netflix distribuído à imprensa.

Esta será a segunda produção da Netflix produzida no Brasil. Ainda este ano, o serviço promete lançar3%, série de ficção científica voltada ao público jovem.

Moura como Aécio

Atores já estariam sendo sondados para os papeis principais, adiantou o site F5, da “Folha de S.Paulo”. Um dos protagonistas deve ser Wagner Moura, da serie “Narcos” e que concorreu a um Globo de Ouro em 2016. Ele pode viver o senador Aécio Neves na trama. Outros nomes, como Milhem Cortaz e Maria Ribeiro, também vem sendo considerados pela produção. Duas escalações, no entanto, ainda não têm possíveis atores: o japonês da federal e Dilma Rousseff.

Padilha, um dos mais importantes cineastas brasileiros em atividade, vive em Los Angeles (Califórnia) desde 2014, após sofrer, ao lado de sua família, uma tentativa de sequestro no Rio de Janeiro. Ele já havia aventado a possibilidade de produzir a serie em entrevista concedida à revista “Veja” em março.

O cineasta conta que já havia comprado os direitos de um livro com entrevistas com condenados na Lava Jato, já pensando em levar sua historia às telas. “A obra será uma das bases da série”, disse. “Após uma leitura atenta dos fatos, não dá para ignorar que o PT e as empreiteiras montaram uma quadrilha para lesar os cofres públicos, sim. Também não dá para fingir que a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff não foi irrigada com dinheiro da corrupção. Sejamos francos: é bem provável que outras campanhas tenham sido irrigadas também.”

Para o cineasta, crítico à política nacional, a classe intelectual condena a operação Lava Jato baseada em subterfúgios. “O primeiro é afirmar que a presidente Dilma não roubou ‘como pessoa física’, embora seja evidente que a campanha eleitoral da Dilma foi beneficiada por um propinoduto – disso a Lava-Jato não deixa a menor dúvida. Embora seja grave roubar para si próprio, é ainda pior roubar para fraudar o processo democrático.”

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