Brasil

Desaparecimento de 12 brasileiros nas Bahamas completa um ano

Famílias, sem qualquer tipo de notícia, afirmam que estão ‘à espera de um milagre’

Lucirlei tirou fotos em Nassau antes de desaparecer
Lucirlei tirou fotos em Nassau antes de desaparecer

DA REDAÇÃO, COM G1 – O desaparecimento de 12 brasileiros quando tentavam a travessia ilegal para os EUA em um barco, via Bahamas, completou um ano na última segunda-feira (6) sem qualquer tipo de solução.

Robson Pereira, irmão de Sérgio Castelhani Pereira e cunhado de Rosinéia Vaz Pereira, que estão entre os desaparecidos afirma que uma mensagem pelo celular foi o último contato que Robson teve com o irmão e a cunhada, há um ano. “Dizendo que estava tudo bem, e que naquela noite eles estariam fazendo a travessia”, conta.

Eles partiriam de barco de Nassau, capital das Bahamas, até Miami, quando fizeram o último contato com familiares no Brasil. O casal morava em Goioerê, no noroeste do Paraná. Robson contou que o irmão, que era caminhoneiro, e Rosinéia, que trabalhava em uma loja da cidade, pagaram R$ 30 mil pela viagem.

Atualmente, o contato entre os familiares dos doze desaparecidos ocorre por meio de um grupo criado em um aplicativo de mensagens de celular batizado de “À espera de um milagre”. A cada novo recado, as dúvidas e tristezas são compartilhadas.

“As pessoas estão muito aflitas, muito tristes, muito angustiadas. Então, elas estão esperando aquela notícia que nunca chega”, afirma Robson.

As famílias querem qualquer informação sobre os desaparecidos. “Qualquer notícia, mas a que tiver para dar paz aos nossos corações, aos demais familiares, né? Qualquer notícia que seja”, declarou Robson.

Investigação

Parentes dos 12 desaparecidos se reuniram em Brasília, no mês de abril, com a comissão criada na Câmara para investigar o caso. Os deputados dessa comissão viajaram no mês de setembro para Bahamas, República Dominicana e Miami em busca de informações sobre o grupo.

O parecer final da investigação está em fase de elaboração, mas, por enquanto, os familiares seguem sem qualquer notícia sobre os desaparecidos.

Nomes e telefones de coiotes foram entregues por Robson e outros parentes à Polícia Federal (PF) e ao Ministério das Relações Exteriores. Eles esperam por respostas das autoridades.

“[Os familiares esperam por] um empenho maior pra que se elucide esse caso o quanto antes, né?”, disse.

Em nota, o Itamaraty informou que o Ministério das Relações Exteriores acompanha o caso do desaparecimento desde novembro de 2016. A Divisão de Assistência Consular tem mantido contato com familiares e, segundo o Itamaraty, as informações fornecidas têm sido retransmitidas à PF e às representações brasileiras em Miami, Nassau e Washington, para ajudar nas investigações.

O Itamaraty informou, ainda, que a Interpol-Bahamas e a Interpol dos Estados Unidos não têm informações sobre o paradeiro dos brasileiros desaparecidos. Veja a nota completa:

 

Veja a íntegra da nota do Itamaraty:

O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Nassau, da Embaixada do Brasil em Washington, do Consulado-Geral do Brasil em Miami e da Divisão de Assistência Consular, acompanha o caso do desaparecimento, desde novembro de 2016, de nacionais brasileiros que tentavam entrar irregularmente nos Estados Unidos a partir das Bahamas. Relatos iniciais indicavam que 19 pessoas estariam desaparecidas. Atualmente, trabalha-se com o dado de 12 brasileiros cujo paradeiro é desconhecido por suas famílias desde 6 de novembro de 2016.

A Divisão de Assistência Consular tem mantido contato com familiares de membros do grupo desaparecido que buscam o auxílio do MRE. Os referidos parentes mantêm entre si grupo de comunicação em rede social (Facebook), no qual compartilham informações e notícias. Informações fornecidas pelo grupo à Divisão de Assistência Consular têm sido retransmitidas à Polícia Federal e às representações brasileiras em Miami, Nassau e Washington, de modo a buscar auxiliar nas investigações em curso.

Até o presente, a Interpol-Bahamas e a Interpol-EUA não dispõem de informações sobre o paradeiro dos cidadãos brasileiros.

Casal está entre os desaparecidos na travessia

 

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