A possível ascensão de figuras polêmicas, como Robert F. Kennedy Jr. e Joseph Ladapo, para posições de liderança na saúde pública dos EUA está gerando preocupação entre médicos sobre o futuro da saúde no país e em particular na Flórida. Com um histórico de desconfiança em relação às vacinas, esses possíveis líderes podem aumentar o crescimento da hesitação vacinal, que já vinha crescendo no estado. Segundo Dr. Jeffrey Goldhagen, professor de pediatria na University of Florida, as mensagens antivacina de autoridades podem impactar a confiança da população em programas de vacinação essenciais para a prevenção de doenças.
Na Flórida, a taxa de vacinação entre crianças caiu para 90,6%, o nível mais baixo em mais de uma década e inferior ao necessário para manter a imunidade coletiva contra doenças contagiosas como o sarampo. Esse número está abaixo do necessário para manter a imunidade coletiva contra doenças altamente contagiosas, como o sarampo.
Embora o declínio na vacinação seja uma tendência nacional, a Flórida está entre os estados com as menores taxas de vacinação, o que preocupa especialistas de saúde, pois isso pode levar ao aumento de surtos de doenças preveníveis.
Médicos como a Dra. Lisa Gwynn, pediatra em Miami-Dade, relatam que boa parte do trabalho atual envolve combater a desinformação e convencer os pais da importância de vacinar seus filhos. Recentemente, o estado registrou um surto de sarampo em Broward, onde algumas crianças não vacinadas contraíram a doença.
As orientações do cirurgião-geral da Flórida Ladapo durante esses surtos diferiram das práticas recomendadas: Ladapo sugeriu que os pais escolhessem se enviariam ou não os filhos expostos ao sarampo para a escola. Dr. Goldhagen ressalta que essa postura vai contra as recomendações tradicionais de saúde pública, que defendem o isolamento para evitar a disseminação de doenças, especialmente em casos de alta contaminação.
Médicos e especialistas de saúde da Flórida acreditam que a confiança pública nas vacinas é fundamental para evitar o retorno de doenças preveníveis. Eles alertam que a expansão de mensagens antivacina pode enfraquecer anos de progresso e tornar mais desafiador proteger a população.