Republicanos respondem que primeiro é preciso reabrir o governo
DA REDAÇÃO COM AP — A bancada democrata da Câmara Baixa apresentou na quarta-feira (2) um projeto de lei de reforma imigratória integral, o qual obteve uma resposta contundente da maioria republicana: reabram o governo federal primeiro.
E para os ativistas que lutam por uma reforma imigratória integral o projeto não vai para nenhum lugar porque os republicanos não aceitariam uma proposta da deputada pela Califórnia Nancy Pelosi (foto).
Em uma nova tentativa de dar visibilidade ao tema e para contrapor as críticas à Câmara durante as passeatas que organizações hispânicas realizarão no sábado (5) em várias cidades americanas, Pelosi apresentou o projeto.
Afirmou que a proposta “é uma sugestão” e não um desafio ao presidente da Câmara Baixa, o republicano por Ohio John Boehner.
“Ele disse que gostaria de submeter algo a votação. Gostaríamos que tivesse estas características: que proteja a fronteira, nossos trabalhadores, com um caminho para a naturalização” para os imigrantes sem papéis, acrescentou Pelosi.
Michael Steel, porta-voz de Boehner, respondeu que “assim que os democratas de Washington nos permitirem reabrir o governo federal, os republicanos da Câmara Baixa continuarão trabalhando em reformas sensatas e, passo a passo, em nosso sistema imigratório disfuncional”.
Mas a Dream Action Coalition, um grupo de imigrantes sem papéis menores de 30 anos — conhecidos como “dreamers”— expressou seu ceticismo sobre as possibilidades de sucesso deste projeto de lei.
“Infelizmente, os democratas sabem que a liderança republicana não tocará em nada que seja encabeçado por Pelosi”, disse um comunicado enviado pelo grupo de “dreamers”.
As discrepâncias partidárias sobre o orçamento público, que provocaram na véspera o primeiro fechamento parcial do governo federal em 17 anos, somam-se ao ceticismo expressado pelos republicanos sobre o projeto de lei aprovado em junho pelo Senado, ao considerar que não protege adequadamente a segurança fronteiriça.
A nova versão substitui uma emenda incluída no Senado, que buscava investir 49 bilhões de dólares para reforçar a segurança fronteiriça, por um projeto de lei de segurança fronteiriça aprovado pela comissão de segurança nacional da Câmara Baixa.
Devido ao fato de que tanto o Senado como a comissão de segurança nacional na Câmara Baixa aprovaram a versão com votos de ambos partidos, os democratas descreveram sua mais recente proposta legislativa como um texto bipartidário, embora nenhum legislador republicano tenha subscrito seu apoio.
Mas um assistente do presidente da comissão de segurança nacional na Câmara Baixa, o republicano pelo Texas Michael McCaul, disse à AP que o projeto de lei aprovado por essa comissão “não deveria ser incluído na legislação partidária por não ter o apoio do Congresso ou do povo americano”.
Os republicanos condicionam sua aprovação ao orçamento governamental correspondente ao ano fiscal 2014 que começou em 1º de outubro à demora de algumas passagens da lei de saúde. Os democratas sustentam que a lei está para ser negociada, já que foi sancionada pelo Congresso em 2010.
Ambos partidos responsabilizam-se mutuamente pelo fechamento parcial do governo.
Os democratas cumpriram sua meta de apresentar o projeto de lei antes de os ativistas realizarem concentrações no sábado, 5 de outubro, em dezenas de cidades americanas a favor da reforma imigratória que inclua a opção da naturalização.
Mas ao mesmo tempo correm um grande risco de que a proposta legislativa fique ofuscada pela disputa sobre o orçamento.
A maioria republicana tem criticado reiteradamente Obama por considerar que ele abusou de sua autoridade presidencial ao lançar em 2012 um programa para suspender as deportações de alguns “dreamers”.
O Congresso mantém no limbo a reforma imigratória, pois a maioria republicana na Câmara Baixa se mostrou relutante para debater o projeto de lei aprovado pelo Senado em junho, o qual concede aos imigrantes sem papéis a opção da naturalização.
Os republicanos reiteraram sua preferência por projetos de lei separados, alegando que leis muito extensas e que abrangem vários aspectos são difíceis de entender.