O déficit das contas externas brasileiras alcançou $2.8 bilhões em março. No mesmo período do ano passado também foi registrado déficit de $5.2 bilhões nas contas que representam as compras e vendas de mercadorias, serviços e transferência de renda com outros países.
As estatísticas do setor externo referentes ao mês de março, divulgadas hoje (25) pelo Banco Central, mostram que, na comparação interanual, “houve aumento de $6.6 bilhões no saldo da balança comercial de bens, parcialmente compensado pelas elevações de $2.8 bilhões no déficit em renda primária e de $1.1 bilhão no déficit em serviços”.
Ainda de acordo com a autoridade monetária, o déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em março ficou em $23.5 bilhões, valor que corresponde a 41% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e dos serviços produzidos no país).
Em fevereiro, o déficit estava em $26 bilhões (1.59% do PIB); e em março de 2021 estava em $22.8 bilhões (1,62% do PIB).
Bens
Com relação à balança comercial de bens, o Banco Central registrou, em março, superávit de $6.1 bilhões. No mesmo mês de 2021, o saldo estava negativo em $514 milhões.
Segundo o BC, as exportações de bens ficaram em $29.7 bilhões, enquanto as importações somaram $23.6 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, alta 21.1% e redução de 5.8% em comparação a março de 2021.
As importações no âmbito do Regime Aduaneiro Especial para Bens destinados às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural (Repetro) totalizaram $153 milhões em março ($6.5 bilhões em março de 2021).
“Excluindo-se as operações do Repetro, a comparação interanual das importações registrou incremento de 26.3%”, disse o BC.
Serviços
Com relação à conta de serviços, o déficit registrado em março aumentou 106.8% na comparação com o mesmo mês de 2021, ficando em $2.2 bilhões. Já a conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de $648 milhões no mês, ante $100 milhões em março de 2021.
“Na mesma base comparativa, e seguindo tendência dos meses recentes, os fluxos brutos de receitas de viagens expandiram 112.2%, totalizando $453 milhões, e as despesas de viagens cresceram 251.8%, somando $1.1 bilhão”, detalha a autoridade monetária.
Ainda segundo as estatísticas do setor externo, as despesas líquidas de transportes somaram $428 milhões em março de 2022, ante $253 milhões em março de 2021. Aluguel de equipamentos registrou despesas líquidas de $651 milhões, valor que representa aumento de 14.8%, tendo como base de comparação março de 2021.
A conta de renda primária teve déficit 68.5% maior do que registrado em março do ano passado, totalizando $7 bilhões. Já as despesas líquidas de lucros e dividendos aumentaram para $5 bilhões, ante $2.8 bilhões em março de 2021, “impulsionadas pelo acréscimo de $2 bilhões nas despesas brutas”.
Segundo o BC, as despesas líquidas com juros somaram $2 bilhões em março de 2022. No mesmo mês de 2021, essas despesas estavam em $1.3 bilhão.
Ingressos líquidos
Em março de 2022, $7.6 bilhões entraram no país por meio de investimentos diretos (IDP), valor superior aos $7 bilhões em ingressos líquidos para esse tipo de investimento, registrados em março de 2021.
“Houve ingressos líquidos de $6.2 bilhões em participação no capital e de $1.4 bilhão em operações intercompanhia”, detalha a autoridade monetária. Segundo o BC, no acumulado de 12 meses encerrados em março, o IDP totalizou $51.2 bilhões (3.08% do PIB), ante $50.7 bilhões (3.11% do PIB) no mês anterior; e aos $44 bilhões (3.12% do PIB) de março de 2021.
“Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de $5.5 bilhões em março, compostos por saídas de $6.6 bilhões em títulos de dívida e ingressos de $1.1 bilhão em ações e fundos de investimento. Nos 12 meses encerrados em março, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de $19.8 bilhões”, disse o BC.
Reservas internacionais
As reservas internacionais do país diminuíram $4.6 bilhões de fevereiro para março, ficando em $353.2 bilhões.
Segundo o BC, o resultado decorreu, principalmente, “das variações por paridades e por preços”. A receita de juros somou $481 milhões no mês.