Essa coluna se dedica a divulgar os feitos nas principais modalidades brasileiras, sobretudo no futebol. Entretanto, algumas vezes os atletas descem do seu pedestal e chafurdam na lama. O caso recente mais emblemático é o de Robinho, condenado em todas instâncias judiciais na Itália por ter estuprado uma jovem albanesa em uma boate de Milão. Ele e outros companheiros abusaram da moça que apresentou queixa à polícia milanesa e o resto é história. Para evitar cumprir pena na Itália, Robinho fugiu para o Brasil a fim de evitar sua extradição para o país europeu. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, o “ex-menino da Vila” agora tem de se contentar em viver dentro do território brasileiro, sob risco de ser enviado para a Justiça italiana, caso seja capturado em solo estrangeiro.
Pois bem, agora o caso de Daniel Alves tem tudo para superar o “caso Robinho”. O incensado lateral direito lendário do Barcelona e da Seleção Brasileira conquistou todos os títulos possíveis em sua carreira à exceção da Copa do Mundo. Sua última tentativa foi no ano passado, quando ele integrou a equipe – sob protestos de grande parte da torcida brasileira -, mas teve de se conformar com a sétima posição no Mundial Catar 2022.
Entretanto, a situação do jogador brasileiro Daniel Alves piorou bastante por causa da denúncia de uma garota de 23 anos, que está acusando o craque de tê-la estuprado. E os novos elemntos que surgem apenas servem para complicar sua defesa na Espanha contra a acusação de agressão sexual que pesa sobre ele. O jornal La Vanguardia, de Barcelona publicou, na terça-feira (24), que uma das duas jovens que acompanhavam a vítima da suposta violência sexual – uma prima da denunciante e uma amiga em comum – relatou, em depoimento à polícia, um comportamento violento por parte do lateral-direito na noite de 30 de dezembro.
Antes da suposta agressão no banheiro da casa noturna Sutton, o jogador brasileiro já teria abordado violentamente uma acompanhante da vítima, apalpando suas partes íntimas, de acordo com La Vanguardia. Ou seja, agora são duas moças que o acusam de ser um predador sexual.
A juíza substituta do 15º Tribunal de Barcelona, Anna Marín, que assinou a ordem de prisão sem direito a fiança para Daniel Alves, levou em consideração esse elemento adicional reportado pela acompanhante, além das declarações feitas pela vítima e pelo jogador.
Este segundo relato comprometedor para o lateral-direito coincide com declarações da vítima à polícia. A jovem de 23 anos contou que em um determinado momento da noite, em que estava distante da prima e da amiga, “percebeu que ele estava tocando o corpo delas”.
Os testemunhos das mulheres são considerados coerentes, enquanto os do jogador apresentaram diversas contradições, o que até ele mesmo reconheceu ao pedir para prestar depoimento novamente.
Relatos contra o jogador
Nas últimas semanas, a Unidade de Agressão Sexual (UCAS) da Polícia da Catalunha colheu depoimentos de dezenas de pessoas que estiveram na boate Sutton no dia 30 de dezembro. E, ainda de acordo com o diário catalão, os relatos das testemunhas pesam contra o jogador.
Daniel Alves foi transferido nesta segunda-feira (23) para um presídio com celas menores perto de Barcelona. O objetivo da medida, informou um comunicado das autoridades da Catalunha, foi garantir “a segurança e melhores condições de convivência” para o jogador.
De acordo com a imprensa espanhola, Alves teria contratado o advogado espanhol Cristóbal Martell para reforçar sua defesa. A informação foi confirmada em nota pela advogada que o representou até agora, Miraida Puente Wilson, e o escritório de Martell.
Conhecido por ter representado Lionel Messi, o clube Barcelona e políticos em casos de corrupção, Martell poderia apresentar ainda nesta terça-feira um pedido de habeas corpus a favor do jogador.
Uma coisa é certa: Martell terá de mostrar muita habilidade, porque Daniel Alves mudou por três vezes sua versão. Inicialmente, afirmou que sequer conhecia a moça, depois assumiu ter feito sexo oral consensual com ela, e finalmente admitiu que houve conjunção carnal com a denunciante, porém, inisistiu na afirmação de que a relação foi consentida.
Todavia, novos elementos complicam ainda mais sua situação. Os peritos encontraram sêmen de Dani no vestido da garota, ela identificou uma tatuagem íntima em seu corpo e a Justiça espanhola está mantendo Dani Alves detido em um presídio, enquanto ele aguarda julgamento. As novas leis do país endureceram as penas decorrentes de crimes sexuais, por isto ele está em uma prisão, esperando pelo julgamento. Além disso, por ser alguém com posses e com cidadania brasileira (ele tem a cidadania espanhola também), a juíza determinou que seus passaportes fossem retidos pela Justiça.
Esse caso ainda vai render bastante até que seja dada a sentença final. Se considerado culpado, ele pode cumprir pena de até 12 anos.
Pois é, no ocaso de sua brilhante carreira – abreviada pela rescisão de contrato com o Pumas do México, seu atual clube -, ele manchou definitivamente seu nome e perdeu tudo aquilo que ele construiu em mais de duas décadas. O irônico é que ele foi a Espanha para “consolar” sua esposa, que havia acabado de perder sua mãe. Como sabemos, frequentar boate com amigos (que também estão implicados na denúncia) não é a melhor maneira de mostrar apoio à sua esposa…
Como colunista de esporte, gostaria de estar exaltando os feitos de Dani Alves, um dos melhores laterais brasileiros de todos os tempos. Em vez disto, estou aqui discutindo a possível pena de um suposto estuprador. Triste. Muito triste.