Depois de suspender durante todo o dia de ontem as operações com ações da Varig listadas na Bovespa, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que os papéis poderão voltar a ser negociados
A suspensão ocorreu porque a empresa não cumpriu o prazo determinado pela autarquia para apresentar fato relevante esclarecendo como ficarão seus papéis após a mudança do controle da companhia, segundo informou o jornal Valor.
A Varig tinha até ontem (26), antes da abertura do mercado, para enviar as informações à CVM.
A empresa foi vendida em leilão para a ex-subsidiária de logística VarigLog pelo preço mínimo de US$ 20 milhões.
” Considerando que a administração da Varig não divulgou qualquer fato relevante ou comunicado ao Mercado acerca do negócio mencionado (venda da companhia), a CVM decidiu, nos termos da Instrução CVM nº 297/88, suspender a negociação, até a prestação da informação, ou até posterior decisão da autarquia ” , informou a CVM, em nota ontem pela manhã.
À tarde, a Varig encaminhou dois comunicados e um fato relevante à autarquia e à Bovespa, com explicações sobre a venda da marca Varig e ativos operacionais no leilão realizado na semana passada.
No fato relevante, a empresa ressaltou que não há em seu plano de recuperação judicial “previsão que implique em alteração nas posições acionárias nas companhias ” .
Com isso, as ações dos minoritários da empresa continuam na Varig “velha” , que herdou uma dívida de cerca de R$ 7 bilhões e permanece em recuperação judicial.
Até ontem, os investidores ainda estavam confusos sobre o futuro das ações e alguns chegaram a pedir esclarecimentos à CVM.
Em nota, no fim do dia, a CVM informou que após análise do fato relevante e dos comunicados divulgados pela empresa decidiu autorizar o reinício, a partir de hoje, das negociações das ações da Varig listadas na Bovespa.
Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou, também em nota, que a Nova Varig está cumprindo a planilha de retomada da malha aérea divulgada pela empresa na terça-feira.
Ficou determinado que a companhia aérea manterá a malha operada durante o plano de emergência, em vigor desde 21 de junho.
A Varig tem 30 dias para informar à Anac sua malha definitiva.
Caso contrário, as rotas serão redistribuídas pela agência.
A malha temporária enviada pela companhia área à Anac prevê onze vôos: Rio-São Paulo (Galeão-Guarulhos), São Paulo-Salvador-Recife, Recife-Salvador-São Paulo, São Paulo-Rio (Guarulhos-Galeão), São Paulo-Porto Alegre (a partir de Guarulhos), São Paulo-Porto-Alegre-São Paulo (a partir de Congonhas), São Paulo-Manaus-São Paulo, São Paulo-Fortaleza, Rio-Buenos Aires, São Paulo-Nova York e São Paulo-Frankfurt.
Estes vôos não incluem a ponte aérea Rio-São Paulo.
A empresa opera 36 vôos diários na ponte.
A Varig pode anunciar a demissão de grande parte de seus funcionários.
A nova empresa ficaria com 1,7 mil dos cerca de dez mil empregados da Varig ” velha ” .
A expectativa é de que a VarigLog encomende até o fim do ano 30 novas aeronaves, o que significaria a contratação de mais cinco mil pessoas.