DA REDAÇÃO – Único curta-metragem brasileiro selecionado para o Festival de Sundance, nos Estados Unidos, “Inabitável” pode ser visto de forma online desta quinta-feira (28) até 3 de fevereiro. Dirigido por Matheus Farias e Enock Carvalho, o filme é protagonizado por Luciana Souza, atriz baiana que vem estreitando os laços com o cinema pernambucano.
Após integrar o elenco do premiado “Bacurau”, Luciana recebeu o convite dos diretores do curta, que haviam feito parte da equipe técnica envolvida no longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Em dezembro de 2019, depois de aceitar a proposta da dupla, a atriz veio ao Recife por um período de duas semanas, entre preparação e filmagens.
Desde a sua estreia em agosto do ano passado, “Inabitável” vem cumprindo uma exitosa jornada nos 18 festivais por onde já passou. Foram 12 prêmios só em 2020, incluindo os reconhecimentos de melhor atriz para Luciana em Gramado e no Festival Mix Brasil.
“Foi uma surpresa ganhar esses prêmios, especialmente num momento tão delicado como o que estamos vivendo. Esse é um trabalho de denúncia e que dialoga muito com questões do momento. Acho que a repercussão que ele vem alcançando tem a ver com o momento atual de expor as feridas sociais”, defende a atriz.
Marilene, personagem interpretada por Luciana, procura por sua filha (Eduarda Lemos), uma jovem trans que desaparece depois de não retornar de uma festa. Para Luciana, o sentimento de não pertencimento é uma das questões fundamentais da trama.
“Essa sensação de não fazer parte de um lugar é algo que eu vejo em muitas pessoas. Isso faz com que a gente tenha medo até de clamar pelos nossos direitos, é um sentimento como se a gente não tivesse direito. Eu já me vi assim”, conta a artista.
Ao construir uma personagem que desconhece o paradeiro da própria filha, Luciana buscou as problemáticas que estão por trás de casos reais semelhantes ao da ficção. “Há uma grande quantidade de mulheres que sofrem com o desaparecimento de entes queridos. Isso está ligado a uma série de questões de gênero, raça e classe social. Então, procurei observar os grupos que discutem e fazem a sociedade olhar para o problema”, afirma.