A origem mais provável do vírus que causou a pandemia global de Covid-19 foi por meio de um vazamento de laboratório em Wuhan, na China, informou um novo estudo do Departamento de Energia dos EUA fornecido à Casa Branca e membros do Congresso. Segundo o relatório atualizado pelo Diretor de Inteligência Nacional, Avril Haines, a disseminação do vírus não foi parte de um programa de arma biológica. A notícia foi divulgada pelo Wall Street Journal, no domingo (26).
As descobertas atualizadas pelo Departamento de Energia, classificadas como de “baixa confiança”, contrariam os relatórios de outras quatro agências de inteligência dos EUA que concluíram que a epidemia começou como resultado da transmissão natural de um animal infectado. Segundo o WSJ, as autoridades americanas se recusaram a divulgar a análise que levou o Departamento de Energia a mudar de posição, mas observou que o FBI chegou à mesma conclusão por motivos diferentes. “No momento, não há uma resposta definitiva para emergir da comunidade de inteligência sobre essa questão”, disse Haines, que supervisiona as 18 agências que analisaram as origens do Covid-19.
De acordo com o relatório concluído em 2021, o Covid-19 circulou pela primeira vez em Wuhan, China, em novembro de 2019, quando três pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan – supostamente envolvidos na pesquisa de coronavírus – ficaram doentes o suficiente para procurar atendimento hospitalar.
As autoridades chinesas contestaram que o Covid-19 teria vazado de seu laboratório e apontou para a conclusão alcançada após uma missão de campo em 2021 feita por especialistas chineses e a Organização Mundial da Saúde (OMG), que determinaram que a hipótese de vazamento de laboratório era “altamente improvável”. Essa missão foi posteriormente criticada por falta de transparência pelos governos ocidentais. “As partes envolvidas devem parar de incitar discussões sobre vazamentos de laboratório, parar de difamar a China e parar de politizar a questão da origem do vírus”, disse o porta-voz Mao Ning.
A disseminação do Covid-19, apenas um do grupo de coronavírus infeccioso, pegou os órgãos de saúde globais desprevenidos no início de 2020. Desde então, causou quase 7 milhões de mortes em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, politizou a questão, chamando-a de “vírus da China”, o que seu sucessor democrata Joe Biden tentou evitar. Mas a polarização política permanece diante dos esforços para estabelecer as origens do vírus.
Com o anúncio do novo relatório, os republicanos agora pressionam o governo para uma ação urgente contra a China. “A prova de que eu estava certo não importa. O que importa é responsabilizar o Partido Comunista Chinês para que isso não aconteça novamente”, escreveu o senador Tom Cotton, um dos primeiros republicanos a levantar a teoria do vazamento de laboratório em 2020. “As mesmas pessoas que nos envergonharam, nos cancelaram e queriam nos prender por dizer que a covid veio do laboratório de Wuhan… estão começando a dizer o que dissemos o tempo todo”, twittou a deputada republicana Marjorie Taylor-Greene.
Em entrevista a Jim Acosta, no domingo, o congressista democrata Seth Moulton também pediu punição ao país liderado por Xi Jinping. “Os chineses lidaram mal com o Covid a cada passo do caminho, estão tentando varrê-lo para debaixo do tapete, tentando uma estratégia de zero Covid que falhou totalmente. E dezenas de milhares, centenas de milhares de chineses estão mortos como resultado da má gestão desta pandemia pelo Partido Comunista Chinês”, disse.
Segundo Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, os EUA não tomarão nenhuma medida contra a China enquanto uma resposta definitiva sobre a origem do Covid-19 não for concluída. Ele afirma que o governo Biden está trabalhando com agências de inteligência para continuar investigando o que pode ter causado a pandemia global.