A Copa do Mundo da FIFA™ 2022 está fazendo história. A 22ª edição da competição sediada no Catar, o primeiro país do Oriente Médio a receber um mundial.
Além disso, ela também quebrou a tradição de ser realizada no meio do ano. As temperaturas altas do país, que podem chegar aos 50ºC em meados de junho e julho, levaram as partidas para novembro, período em que o clima é mais ameno.
Aqui, vamos enumerar alguns itens que estão marcando esta Copa do Mundo, tanto em termos de aspectos positivos quanto negativos.
A abertura apoteótica – com uma bela queima de fogos, presença de Morgan Freeman e apresentação de bailarinos com bandeiras dos países participantes – não conseguiu encobrir as críticas dos ocidentais ao regime teocrático que governa o Catar, regido por sheiks endinheirados que controlam o país com rigidez em termos de usos e costumes.
A fim de fazer uma crítica velada à falta de direito, capitães de algumas seleções europeias – Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Holanda e Suíça – pretendiam entrar em campo com a braçadeira nas cores do arco-íris, marca registrada do movimento LGBTQ. Entretanto, após a ameaça da Fifa de punir os jogadores com cartões amarelos, Harry Kane, da Inglaterra, e Adams, dos EUA, entraram com a braçadeira escrita “No Discrimination”, uma crítica velada ao fato de os homossexuais serem considerados criminosos perante as leis islâmicas, seguidas pelos monarcas do Catar.
Como primeiro representante do Oriente Médio a sediar uma Copa do Mundo da FIFA™, o Catar investiu pesado. Ao todo, o país deve finalizar o mundial com investimentos maiores do que $200 bilhões. O montante foi aplicado na ampliação da infraestrutura de transporte, hotelaria e, claro, na construção dos estádios oficiais do evento. Com isso, a edição de 2022 da competição já é considerada a mais cara da história.
Um dos motivos para tanto investimento é o fato de que o futebol não é um esporte popular no Catar. Por lá, a paixão é o críquete, um jogo de tacos muito parecido com o beisebol. Para receber a Copa do Mundo da FIFA™, o país teve que construir sete novos estádios e reformar um.
Uma cidade nova inteira para o mundial
Nesse plano de transformar o país em uma grande arena de futebol, o Catar acelerou um projeto que já estava em andamento: a construção da cidade de Lusail, no meio do deserto, a 24 quilômetros de Doha, a capital do país.
A cidade é parte do projeto Catar 2030, lançado pelo governo para modernizar o país e transformá-lo em um pólo turístico.
Lusail começou a ser construída do zero em 2005. Quando a FIFA anunciou o Catar como a sede do mundial de 2022, em 2010, as obras foram aceleradas e focadas em transformar a cidade numa grande atração para o evento.
Ao todo, foram investidos $45 bilhões para levantar Lusail, que tem 38 quilômetros quadrados de área e que agora abriga o maior estádio de futebol do país, que pode receber 80 mil torcedores e será o palco da final do mundial. A cidade mistura complexos residenciais, comerciais, lojas e resorts.
O estádio de Lusail será o grande palco da final da Copa do Mundo da FIFA 2022 ™, mas o estádio 974 também entrará para a história da competição por ser a primeira arena padrão FIFA completamente desmontável e reutilizável.
É que o 974 foi totalmente construído com contêineres certificados e elementos modulares em aço. Ou seja, o estádio pode ser desmontado e reconstruído com os mesmos materiais e o mesmo tamanho em qualquer lugar. E o nome “974” faz referência ao número de contêineres utilizados para levantar a arena.
A Copa do Mundo da FIFA™ mais compacta da história
O Catar é um país pequeno. Ele tem em torno de três milhões de habitantes e quase metade deles está em Doha. Não é à toa que a própria FIFA classifica esta edição do mundial como o torneio mais compacto de todos os tempos.
A Copa do Mundo da FIFA 2022™ está sendo realizada em oito estádios espalhados em todo o Catar. Mas a FIFA calcula que os torcedores podem assistir a pelo menos duas partidas em um único dia. É que a maior distância entre os estádios é de 75 quilômetros, e a menor é de apenas 5 quilômetros.
Tradicionalmente, as seleções podem convocar 23 jogadores, incluindo os goleiros. A partir da edição de 2022, esse número subiu para 26, mas não de forma obrigatória. Segundo a FIFA, a mudança deve-se pelo impacto da covid-19 nos times.
Outra curiosidade que marca a Copa do Mundo da FIFA 2022™ é que ela é a última edição com 32 seleções. A partir de 2026, 48 times poderão participar do torneio.
Maior premiação da história
A edição de 2022 vai pagar o maior prêmio da história à seleção campeã mundial. Serão $42 milhões para o primeiro lugar, $30 milhões para o vice-campeão e $27 milhões para o terceiro lugar.
Veja os demais prêmios, segundo dados da FIFA:
4º lugar: $25 milhões
5º a 8º lugar: $17 milhões
9º a 16º lugar: $13 milhões
Eliminados na fase de grupos: $9 milhões
Estádios lotados
Segundo informações da FIFA, quase três milhões de ingressos foram vendidos para os jogos desta edição do mundial de futebol. Torcedores do próprio Catar, Estados Unidos, Arábia Saudita, Inglaterra, México, Emirados Árabes Unidos, Argentina, França, Brasil e Alemanha são os que mais compraram ingressos. Isso pode ser comprovado com os estádios cheios e torcedores vibrando por suas seleções.
O mascote oficial da Copa do Mundo da FIFA 2022™ é o La’eeb, que significa “jogador habilidoso” no idioma português. O personagem usa o famoso lenço da cultura árabe, chamado de hijab. Além do mascote, a bola oficial do mundial também tem marca registrada. Nesta edição de 2022 da competição, a bola está sendo chamada de “Al Rihla”, que significa “a jornada”, em português, e traz as cores da bandeira do Catar.
O símbolo do mundial de 2022, que acompanha o nome do evento em vários lugares, tem muitos significados. Segundo a FIFA, as cores bordô e branco são emprestadas da bandeira do Catar. O design do emblema é, ao mesmo tempo, o número oito, o símbolo do infinito e o deserto.
O número oito é a quantidade de estádios que receberão os jogos. O infinito, segundo a FIFA, representa a fusão entre a tradição e a modernidade. Além disso, as curvas desse símbolo também homenageiam as dunas dos desertos do Catar. Esse símbolo vem sendo comercializado no Catar e faz parte do kit distribuído aos jornalistas escalados para cobrir o evento.
Cerca de 13.500 mil candidatos se inscreveram para serem voluntárias na Copa do Mundo da FIFA 2022™. Os candidatos são de 160 nacionalidades, com idade entre 18 e 77 anos. Ao todo, foram selecionadas e treinadas 20 mil pessoas para ajudar no mundial.
Primeira edição com árbitras
Pela primeira vez na história da Copa do Mundo da FIFA™, o time de arbitragem terá mulheres. Seis profissionais estão entre os 36 árbitros, 69 árbitros assistentes e 24 árbitros de vídeo.
Diante de tantas novidades e curiosidades, uma coisa se mantém igual: o troféu. De acordo com a Conmebol, ele foi desenhado pelo escultor Silvio Gazzaniga, que trabalhava para a empresa Bertoni, em Milão, na Itália.
O troféu mostra duas figuras de atletas segurando a Terra e, desde 1974, não mudou em nada: ele é feito de ouro 18 quilates, tem 36,8 cm de altura e pesa 6,1kg, segundo a FIFA.
Goleadas e resultados surpreendentes
Com quatro jogos por dia nesta fase de grupos, torna-se quase impossível acompanhar em cima o andamento do Mundial no Catar.
Desse modo, vamos destacar quatro resultados que, até o momento, saíram do lugar comum.
Inglaterra mostra porque é uma das candidatas ao título
A primeira goleada do torneio foi propiciada pela Inglaterra, seleção que está adotando uma postura de protesto diante das arbitrariedades praticadas peal teocracia que governa o Catar, como, por exemplo, a falta de liberdade para as mulheres nos países que abraçam a religião islâmica, sobretudo na República Islâmica do Irã, adversária da seleção inglesa. O clima de terror instaurado no país depois da morte de uma iraniana que se recusou a usar o véu e acabou sendo morta pela polícia religiosa iraniana. A lei da sharia impede até mesmo que mulheres possam ir aos estádios. Por isso, as câmeras capturaram uma mulher iraniana chorando copiosamente sem usar o véu e segurando a bandeira de seu país. Até mesmo os jogadores iranianos se recusaram a cantar o hino do país antes da disputa da partida. Antes da partida, os ingleses se ajoelharam em protesto ao estilo do Black Lives Matter.
Do ponto de vista futebolístico, o jogo mostrou o desnível entre as duas seleções. O Irã perdeu seu goleiro titular aos 10 minutos de partida num choque contra o zagueiro de seu próprio time. O goleiro substituto pouco pôde fazer para impedir a goleada inglesa por 6 a 2, com gols de Bellingham, Saka (duas vezes), Sterling, Rashford e Grealish. O atacante Taremi marcou os dois gols do Irã. Enfim, nenhuma surpresa nesta vitória da Inglaterra em uma partida apitada pelo brasileiro Raphael Klaus na segunda-feira (21).
França toma susto, mas aplica goleada em sua estreia
Após a zebra argentina ter passeado no Grupo C, muita gente temia que a França, uma das favoritas ao título, também pudesse decepcionar. Entretanto, as boas atuações de Rabiot e Giroud se encarregaram de espantar qualquer surpresa e a França colocou ponto final em uma incômoda escrita dos campeões mundiais: nas últimas três Copas, os defensores do título tropeçaram na estreia. Agora, os Bleus têm outra maldição para tentar encerrar: em quatro das cinco Copas deste século (exceção para o Brasil em 2006), a seleção campeã do Mundial anterior parou na fase de grupos. Com a atuação desta terça, a França deu grande passo para espantar esse fantasma também.
Marcado em 2018 por ter sido campeão sem fazer gol no Mundial da Rússia, Olivier Giroud dessa vez não precisou esperar muito para mostrar seu faro artilheiro. E saiu de campo com seu nome na história da seleção: com os dois gols marcados na terça-feira (22), igualou Thierry Henry como o maior artilheiro da França, ambos com 51 gols. Além dele, marcaram para a seleção francesa, Rabiot e Mbappe, o jogador mais bem pago do mundo, que recebe por ano $128 milhões. O primeiro gol da partida foi anotado pelo australiano Goodwin.
Arábia Saudita protagoniza a maior zebra da história das Copas do Mundo
A Arábia Saudita foi protagonista da maior zebra já ocorridas nas 22 edições da competição. A Argentina, 3ª colocada no ranking da FIFA, foi derrotada de virada pela Arábia Saudita, que ocupa a modesta 51ª posição no ranking, na terça-feira (22) na largada do Grupo C. A Albiceleste abriu o placar com o pênalti cobrado por Messi no primeiro tempo, quando teve ainda três gols anulados – um deles, de Lautaro Martinez, por milímetros. Na segunda etapa, porém, a equipe dirigida pelo francês Hervé Renard surpreendeu os favoritos e, em sete minutos, virou o placar com dois belos gols marcados por Al-Shehri e Al Dawsari para a estupefação do público presente no Estádio Lusail em Doha.
Nem mesmo a presença de Lionel Messi, o segundo jogador mais bem pago do mundo ($120 milhões) impediu a chamada zebra. A virada saudita ainda quebrou a invencibilidade de 36 jogos da esquadra sul-americana. Agora, a Argentina tem obrigação de vencer seus dois próximos compromissos para não ser eliminada ainda na primeira fase do torneio.
Japão vira contra Alemanha no Grupo E
Mesmo mantendo predomínio na posse de bola, a Alemanha demonstrou um futebol opaco, com poucos lances de brilho. A ausência de Sané, por contusão, tirou a criatividade da equipe quatro vezes campeã mundial e a seleção europeia foi derrotada pelo Japão no Estádio Khalifa, na quarta-feira (23), na abertura do Grupo E.
No primeiro tempo, o domínio dos alemães fo flagrante com 75% de posse de bola. No entanto, era um domínio estéril, com poucas chances criadas. O único gol marcado nesta etapa foi de pênalti, cobrado por Ilkay Gundogan, depois de o goleiro Gonda ter cometido uma falta desnecessária na pequena área.
Na volta do intervalo, porém, a seleção japonesa foi para a frente e as substituições processadas pelo treinador Hajime Moriaysu foram fundamentais para o crescimento da equipe. Tanto que Doan e Asano, que entraram durante a partida, foram os autores dos dois gols que garantiram a vitória de 2 a 1 sobre a seleção germânica. Um resultado que não deixa de ser surpreendente, apesar de o Japão ter uma seleção melhor do que a Arábia Saudita, por exemplo.