Governo do Rio gasta 40 milhões de reais para limitar comunidade
O governo do Rio de Janeiro está construindo muros de concreto para prevenir a expansão de favelas na cidade. As obras começaram em duas favelas na região sul do Rio de Janeiro e uma delas é o Morro Dona Marta, que a polícia ocupou em novembro para controlar o crime e violência. Autoridades disseram que o muro é para proteger a floresta nativa restante. No entanto, críticos temem que a medida possa ser considerada como discriminatória e se torne símbolo da divisão de classes no país.
“Não há discriminação. Pelo contrário, nós estamos construindo casas para eles em todos os lugares e melhorando suas vidas”, disse Tania Lazzoli, porta-voz da secretaria de obras públicas do governo. Até o final do ano, o governo do Rio de Janeiro quer construir quase 11 quilômetros de muros para conter 19 comunidades. O investimento será de 40 milhões de reais e cerca de 550 casas tiveram de ser realocadas, disse Lazzoli. “O objetivo é conter a expansão das comunidades e proteger a floresta. Há muitas casas em áreas de risco elevado”, disse ela. Durante a temporada de chuvas, muitas casas construídas em desfiladeiros ou ladeiras são arrasadas por enchentes ou deslizamentos.
Apesar dos argumentos, uma das críticas veio do outro lado do mundo: o escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura de 1998, lamentou em um texto que a ideia, no Rio de Janeiro, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. “Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda a parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?”