Após ter a sessão interrompida no começo da tarde de quarta-feira (6), com o Capitólio invadido por centenas de manifestantes simpatizantes do presidente Trump, o Congresso americano retomou os trabalhos assim que a segurança foi restabelecida e confirmou na madrugada de quinta-feira (7) vitória de Joe Biden e Kamala Harris nas eleições de novembro passado.
O dia foi tenso em Washington, começando por um comício realizado pelo presidente Trump, onde ele incitou seus apoiadores a marcharem para o Capitólio, onde o Congresso se preparava para a sessão de confirmação. A multidão fugiu do controle da segurança e acabou invadindo o prédio, escalando paredes e quebrando janelas na entrada. Os parlamentares foram retirados às pressas para um local seguro e a sessão foi interrompida. Os manifestantes ocuparam então os plenários e posaram para selfies nas cadeiras da presidência de ambas as Casas e nas dos parlamentares. Quatro pessoas morreram no tumulto e várias ficaram feridas.
A situação só foi controlada no começo da noite, quando as forças policiais conseguiram retirar os manifestantes do Capitólio e estabeleceram um perímetro de segurança em torno do prédio. A prefeita de Washington, D.C., Muriel Bowser, decretou toque de recolher na cidade por 12 horas, a partir das 6 p.m. de quarta.
Pouco depois das 8 p.m., o Congresso conseguiu retomar o trabalho interrompido, começando com a votação da objeção apresentada pelos parlamentares Republicanos às eleições no Arizona. A objeção foi rejeitada. Houve ainda objeções Republicanas às eleições na Georgia, Nevada, Michigan e Pennsylvania.
Segundo o protocolo da cerimônia de confirmação, as objeções precisam da assinatura de um deputado e de um senador para serem apreciadas. Somente as levantadas contra Arizona e Pennsylvania tiveram o endosso necessário e foram votadas separadamente no plenário do Senado e da Câmara. Ambas as casas rejeitaram as objeções, e foram confirmados os 306 votos do Colégio Eleitoral para Biden, mais que os 270 necessários para a vitória.
A sessão foi presidida pelo vice-presidente Mike Pence, que constitucionalmente acumula a presidência do Senado. Pence foi pressionado por Trump para interferir na confirmação da chapa Biden-Harris pelo Congresso, mas cumpriu com seu papel constitucional e absteve-se de qualquer interferência no processo.
Joe Biden e Kamala Harris, do partido Democrata, tomarão posse em Washington, D.C., no dia 20 de janeiro.