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Conexão UF | Desmascarando mitos por trás das vacinas contra a covid-19

Nicole Wang recebe a primeira dose da vacina Pfizer no North Florida Hospital

Quando o relógio bateu meia-noite no dia 31 de dezembro de 2019, eu não tinha ideia de que 2020 se tornaria um ano tão inesquecível. Do início ao fim, dizer que o ano de 2020 foi uma mistura de eventos chocantes seria pouco. Acredito que a maioria das pessoas pode concordar que um dos principais acontecimentos que ninguém previu foi uma pandemia mundial.

Em março de 2020, a OMS afirmou a COVID-19 uma pandemia. Em três meses, meu mundo–aliás, nosso mundo–mudou completamente. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, minha universidade me disse para arrumar minhas coisas e ir para casa fazer quarentena. Em questão de dias, todos os meus compromissos de voluntariado e acompanhamento de profissionais foram cancelados e minhas aulas passaram a ser online. Mesmo sendo uma pessoa bem preparada, posso dizer com certeza que não previ que estaria usando máscaras para colocar gasolina no carro e higienizar minhas compras antes de guardar. Eis que aqui estamos.

Um ano depois, quando o relógio bateu meia-noite no dia 31 de dezembro de 2020, acredito que todos, inclusive eu, sentimos um enorme alívio e voltamos a ter esperança. Ficamos esperançosos com a possibilidade de voltar a termos uma vida mais parecida com a que tínhamos. Comecei a me acostumar com este novo normal que estávamos vivendo. Quando assistia televisão passei a me perguntar porque certas pessoas optavam por não usar máscaras e também não faziam questão de seguir o que era recomendado para garantir a sua própria segurança e a dos demais. Estava começando a me sentir como se eu nunca tivesse vivido em um mundo sem máscaras e distanciamento social.

Todo o desconhecimento sobre o vírus é preocupante porque o ser humano evita tudo que é novo e imprevisível. Entretanto, através da mobilização mundial de cientistas da saúde, aos poucos foi se desvendando os mistérios deste vírus desconhecido. Estamos tendo acesso a várias vacinas contra a COVID-19 em aproximadamente um ano do surto e isto é motivo de orgulho. Não sou cientista. Neste momento sou apenas uma estudante de pré-medicina. Porém, sou alguém que pesquisou muito sobre a COVID-19 em meus estudos e que, felizmente, já recebeu a vacina. Estas são minhas conclusões sobre alguns dos conceitos equivocados sobre a vacina e minha experiência pessoal ao recebê-la. 

Mito número 1: As vacinas contra a COVID-19 vão me infectar com a COVID-19

Isto é falso. As vacinas Moderna, Pfizer, e Johnson & Johnson não contêm o vírus vivo, SARS-CoV-2, que causa o COVID-19. Neste caso, o vírus COVID-19 não pode te deixar doente com a COVID-19.

Mito número 2: As vacinas contra a COVID-19 não são seguras porque foram desenvolvidas e testadas rapidamente. 

Isto é falso. Devido ao impacto mundial da pandemia, as empresas farmacêuticas investiram em uma abundância de recursos para acelerar o processo de desenvolvimento da vacina. Isso não significa que as empresas farmacêuticas contornaram os protocolos de segurança e não realizaram testes suficientes; na verdade, elas tiveram que passar pelo mesmo processo rigoroso da FDA. As vacinas foram disponibilizadas em tempo recorde devido à impressionante colaboração mundial e ao investimento feito para torná-la realidade.

Mito número 3: As vacinas contra a COVID-19 alteram o DNA do paciente. 

Isto é falso. Ambas as vacinas Moderna e Pfizer contêm RNA mensageiro (mRNA), que fornece o código para fazer a “proteína Spike” encontrada no SARS-CoV-2 no seu corpo. Ao dar ao nosso corpo a capacidade de reconhecer essa proteína sem estar realmente infectado com a COVID-19, nosso sistema imunológico é capaz de criar anticorpos para nos proteger contra infecções futuras. O mRNA nunca entra no nosso DNA. Nossos corpos se livram desse mRNA assim que terminar de usá-lo para fazer a proteína. Semelhante às outras vacinas, a vacina Johnson & Johnson oferece as instruções para a construção da proteína spike, mas faz isso usando DNA de fita dupla. 

Mito número 4: As vacinas contra a COVID-19 causam sintomas severos. 

Isto é falso. Existem reações leves ou moderadas da vacina em curto prazo que, em sua maioria, se resolvem sem complicações ou lesões. Estudos mostram que a maioria das pessoas sente dor no local da injeção. Enquanto alguns outros apresentam sintomas como febre baixa, dores musculares e de cabeça, calafrios e fadiga. No entanto, embora você possa se sentir mal por um ou dois dias, sentir esses efeitos colaterais é uma boa indicação de que seu sistema imunológico está respondendo à vacina. Em minha experiência, para ambas as doses da vacina Moderna, os únicos sintomas que senti foram dor de cabeça e sensibilidade no local da injeção. Aqui nos EUA, depois de receber a vacina, você será monitorado entre 15 e 30 para garantir que não haja reações graves, como anafilaxia. Sintomas graves após a vacinação com COVID-19 são raros; no entanto, se isso ocorrer, consulte um médico imediatamente. 

Mito número 5: Eu não sou considerada uma pessoa de alto risco para a COVID-19 então eu não devo ser vacinada.  

Isto é falso. Quer você se enquadre em alto ou baixo risco, todos podem contrair a COVID-19 e transmiti-la a outras pessoas. Ao ser vacinado, você estará protegendo a si mesmo e também a todos ao seu redor, incluindo aquele o seu vizinho que você gosta tanto. 

Trabalhar na Emergência do North Florida Regional Medical Center durante uma pandemia me permitiu testemunhar a gravidade da COVID-19. Ver o impacto da doença nos pacientes infectados e em seus familiares foi chocante . Sendo assim, é animador saber que a distribuição de vacinas aumentou, e que há outras vacinas contra a COVID-19 sendo desenvolvidas e aprovadas. Quando eu escrevi este artigo, no dia 27 de fevereiro de 2021, a FDA concedeu o uso emergencial da vacina de injeção única da Johnson & Johnson, algo que todos devemos comemorar–com toda a devida cautela de distanciamento social, é claro. Espero que minha experiência e o conhecimento dos fatos sobre estas vacinas possam lhes trazer conforto, quer vocês decidam recebê-las ou não.

Texto produzido por Nicole Wang, com supervisão da Professora Andréa Ferreira e da redação do AcheiUSA.

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