Durante os anos 2013 e 2015, os estudiosos analisaram 500 amostras de peixes de lagos e rios do país, e encontraram um nível muito elevado das substâncias químicas perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS). A descoberta foi publicada na revista científica Environmental Reserach nesta terça-feira (17). As PFAS pertencem à família de produtos sintéticos; os mesmos usados em revestimentos antiaderentes, têxteis, ou em embalagens de certos alimentos.
A taxa média de contaminação foi de 9,5 microgramas por quilo de peixe. O que equivale a beber, durante um mês, água potável contaminada com 48 partes de PFOS por bilhão. O Food and Drug Administration (FDA), considera saudável a água com no máximo 0,2 parte de PFAS por bilhão.
Na linguagem científica, os PFAS são chamados de ‘Forever Chemical’ (química para sempre, na tradução em português), por conta da sua capacidade de permanecer por várias décadas no ambiente. Entre os danos causados ao corpo humano estão a elevação do colesterol ruim, queda da imunidade, elevação do risco de diversos tipos de câncer e doenças do fígado.
Os PFAS são, “provavelmente, a maior ameaça química à espécie humana no século XXI”, disse Patrick Byrne, pesquisador de poluição ambiental da universidade britânica de John Moores, em Liverpool, à agência AFP. Segundo ele, este estudo é importante porque representa a primeira evidência da transmissão direta de PFAS de peixes para humanos.
Por outro lado, preocupa, particularmente, as comunidades mais desfavorecidas que consomem peixe como fonte de proteína, ou por razões socioculturais. Devido à crescente preocupação com a saúde, o uso de PFOS e PFOA em embalagens de alimentos foi eliminado em 2016 pela FDA.