O tapete vermelho do Harmony Gold, na lendária Sunset Boulevard, em Hollywood, recebe inúmeras estrelas brasileiras na noite deste domingo (13). Trata-se da abertura de um dos eventos mais tradicionais da comunidade na Califórnia, o Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF).
Nesta 12ª edição, a atriz Marcélia Cartaxo será a grande homenageada, passando a compor o rol de profissionais renomados que já receberam esse tributo. “Marcélia é uma legítima representante do cinema brasileiro, com um trabalho magnífico que resiste a todas as adversidades, é uma honra tê-la conosco”, elogia a fundadora do LABRFF, Meire Fernandes.
A atriz paraibana estreou na tela grande como Macabéa, papel que lhe rendeu o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim por “A Hora da Estrela” (1985) e o primeiro de quatro Candangos no Festival de Brasília. Este ano, ela já ganhou dois prêmios por sua atuação em “Pacarrete”, que integra a mostra do festival.
No total, 48 filmes foram selecionados e estão divididos em mostras competitivas e de exibição especial, sempre no Laemmle Monica Film Center, com exceção da abertura, que acontece no Harmony Gold, com a apresentação do documentário “Child of Nature”, de Marcos Negrão e Miguel Krigsner. A co-produção brasileira apresenta cinco histórias de crianças no Quênia, Filipinas, Síria, Canadá e Alemanha que estão transformando suas comunidades, apesar dos percalços de toda sorte.
Destaques na programação
Dois longas de diretores estreantes despertam a atenção. O primeiro é “Pacarrete” (97 min.), de Allan Deberton, que já ganhou 11 prêmios em festivais brasileiros e foi indicado no festival de Xangai, na China. (Leia reportagem abaixo.) O segundo é “Deslembro” (96 min.), de Flávia Castro, ganhador de três prêmios no Festival do Rio, além de ter sido indicado em Veneza, dentre outros reconhecimentos igualmente ilustres. O filme, que será exibido às 16h na quinta, conta a história de uma adolescente que retorna de Paris para o Brasil com a família no final dos anos 70, quando houve a chamada anistia da ditadura militar.
Quem gosta de comédias românticas deve conferir dois filmes fora de competição. “Minha Vida em Marte” (110 min.), estrelada pelos comediantes Monica Martelli e Paulo Gustavo, será exibida na segunda-feira às 15h. A sessão de “Solteira Quase Surtando” (97 min.) acontece na terça, às 20h. Escrita e protagonizada por Mina Nercessian, traz nomes conhecidos como Stepan Nercessian, Leticia Birkheuer e Tania Khalill.
Na parte de documentários, destaque para “Tá Rindo de que? Humor e ditadura” (85 min.), que traz relatos de comediantes conhecidos sobre a repressão a artistas nas décadas de 60 e 70 durante o regime militar no Brasil. Exibição marcada para terça às 14h15. Todos os filmes têm ingresso a $10 cada no site www.laemmle.com/theater/monica-film-center.
Mercado cinematográfico
Além da exibição de curtas e longas, o festival também promove painéis como o “Perspectivas do mercado audiovisual brasileiro (cinema, TV e VOD): novas políticas governamentais e oportunidades de negócios”, que será apresentado pelo escritório de direitos autorais Cesnik, Quintino & Salinas em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Califórnia na quarta-feira, às 13h. Os ingressos para essas mesas-redondas custam $20 cada.
Além dos painéis, cineastas brasileiros terão a oportunidade de apresentar seus novos projetos de filmes e séries, previamente inscritos, em encontros reservados com executivos e investidores, como Netflix e MGM.
O LABRFF segue até a noite de quinta-feira, dia 17, no Laemmle Monica Film Center, quando será realizada a premiação, com entrada a $40. O drama “Veneza” (94 min.), de Miguel Falabella, encerra a programação. Este ano, o evento estreia ainda uma competição paralela de videoclipes, o Los Angeles Latin Music Video Festival. Consulte o cronograma completo em www.labrff.com.
Filme que arrematou metade dos Kikitos em Gramado é imperdível
A dramédia “Pacarrete”, baseada em fatos reais, tem colecionado prêmios por onde passa. Só em Gramado, em agosto deste ano, ganhou oito dos 15 Kikitos para filmes nacionais, inclusive os mais cobiçados: de Melhor Filme e Júri Popular.
Em seu longa de estréia, Allan Deberton (que levou os Kikitos de Melhor Roteiro e Direção), conta que a inspiração veio de uma personagem folclórica de sua infância na cidade de Russas, interior do Ceará, uma mulher tida pela população como louca. Foi só quando ele cursava cinema que ficou sabendo que a “doida espalhafatosa” era na verdade uma bailarina clássica aposentada, incompreendida por defender o valor do balé. Seu nome artístico vinha do francês “Pâquerette”, que significa margarida.
Além de dar risadas e se emocionar com a performance da atriz Marcélia Cartaxo – já premiada pela sua atuação em Gramado e no Vitória Cine Vídeo – o público certamente poderá traçar relações entre a história tocante de Maria Araújo Lima e a batalha que é dedicar a vida à arte no Brasil, principalmente nos dias de hoje.
“Pacarrete” (97 min.) será exibido somente na segunda-feira (14), às 20h, no Laemmle Monica Film Center (1332 2nd St, Santa Monica, CA 90401, USA), com legendas em inglês. Ingressos: $10 no site www.laemmle.com/theater/monica-film-center.
Rio inspira musical americano para a criançada
Imagina transpor para os palcos uma das obras mais famosas da literatura inglesa clássica, adaptando cenário e personagens para o Rio de Janeiro moderno? Essa é a proposta de “OLIVÉRio: A Brazilian Twist”, que estréia nesta sexta-feira em Rancho Cucamonga, na região metropolitana de Los Angeles.
Uma dupla americana, formada pela dramaturga Karen Zacarías e a compositora Deborah Wicks La Puma, assina o musical baseado em Oliver Twist, de Charles Dickens. Deborah morou no Brasil quando criança. Nessa releitura, acompanhamos as desventuras de Esperança Olivério, a Oli, uma carioquinha órfã e sem-teto que pede ajuda a Iemanjá para melhorar de vida. Coincidentemente, a menina é convidada por dois vigaristas para ir morar na favela. O que ela não sabe é que eles planejam usar seu jeito doce como isca perfeita para roubar uma viúva rica que vive em uma cobertura em Copacabana.
A peça (em inglês com algumas palavras em português) aborda questões de pobreza, desigualdade social e injustiça de forma leve, enquanto explora a riqueza da música e cultura brasileiras. “É uma peça inteligente, que mostra as diferenças entre pobres e ricos de uma maneira acessível para crianças, com uma mensagem de esperança, de que é possível uma menina fazer a diferença no mundo”, diz a produtora artística da montagem, Mireya Hepner. Ela garante que os pais também vão gostar. O conteúdo é adequado para crianças a partir dos 6 anos e até mesmo adolescentes.
As apresentações acontecem nos finais de semana até dia 27 na Lewis Family Playhouse (12505 Cultural Center Drive, Rancho Cucamonga, CA 91739). Aos sábados, há sessões às 13h e às 16h (com exceção da estreia, no dia 12, às 17h). Aos domingos, somente às 13h. Ingressos: $16 (criança/idoso) e $18 (adulto). Desconto a partir de quatro ingressos (sai por $12 cada). Onde comprar: https://lewisfamilyplayhouse.com.