Estados Unidos

Cientista brasileiro viaja ao espaço em missão histórica para estudar Alzheimer e autismo

A missão de Alysson Muotri ao espaço é impulsionada pela busca por tratamentos que melhorem a qualidade de vida de pessoas com autismo, incluindo seu filho Ivan, que enfrenta uma forma severa da condição.

Cientista brasileiro diz que objetivo da viagem ao espaço é melhorar a qualidade de vida de pessoas com condições neurológicas graves. Foto: Reprodução Youtube

Alysson Muotri, professor e chefe do Muotri Lab na Universidade da Califórnia em San Diego, será parte de uma missão científica histórica: ele é o primeiro pesquisador brasileiro a viajar ao espaço com o objetivo de estudar doenças neurológicas, como o Alzheimer e o autismo. Sua jornada pessoal com o autismo está ligada diretamente ao seu trabalho de pesquisa, já que seu filho, Ivan, de 18 anos, enfrenta uma forma severa da condição, o que tem sido uma das inspirações para sua busca por tratamentos.

A missão, programada para o final de 2025 ou início de 2026, tem como destino a International Space Station (ISS). Muotri, junto com outros quatro cientistas ainda a serem definidos, embarcará no foguete Falcon 9 da SpaceX para explorar os efeitos da microgravidade no cérebro humano, um campo de pesquisa até agora inexplorado de maneira tão direta.

Em sua conta pessoal no Instagram, Alysson comenta: “Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida de pessoas com condições neurológicas graves. Ciência na Terra e fora!”

A pesquisa conta com o uso de organoides cerebrais, ou “minicérebros”, estruturas feitas a partir de células-tronco humanas e de outros seres vivos que imitam o funcionamento do cérebro. Eles serão usados para estudar a progressão de doenças como o Alzheimer e o transtorno do espectro autista. O diferencial da missão espacial é que, em microgravidade, os organoides envelhecem rapidamente. Trinta dias no espaço equivalem a cerca de 10 anos na Terra, acelerando os estudos e possibilitando uma análise mais rápida das doenças e possíveis tratamentos.

Além disso, a missão vai testar a aplicação de bioativos derivados da floresta amazônica. Esses compostos serão aplicados nos organoides para avaliar seu potencial em proteger contra o Alzheimer e outras condições neurológicas.

A escolha de enviar cientistas ao invés de astronautas da NASA se deve à necessidade de um conhecimento especializado para manipular os organoides, que exigem cuidados constantes durante a missão, como microscopia e a aplicação dos bioativos.

Muotri revelou uma parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para que, caso os tratamentos sejam bem-sucedidos, parte dos lucros seja direcionada às tribos indígenas que ajudaram a descobrir esses bioativos, além de contribuir para a preservação da Amazônia. O cientista também busca colaboração com o governo brasileiro para disponibilizar os possíveis tratamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS), tornando os avanços acessíveis à população brasileira.

A missão de Muotri ao espaço é motivada pelo desejo de encontrar tratamentos que possam melhorar a qualidade de vida de Ivan e outros como ele, oferecendo esperança a muitas famílias.

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