New York City tem registrado índices cada vez mais altos de mortes por overdose nos últimos. Apenas em 2020, 2.062 pessoas morreram devido ao uso descontrolado de drogas ilegais na cidade, contra 1.497 em 2019; um aumento de 565 óbitos.
E 2021 caminha para ser ainda mais letal. Conforme dados do NYC Health, mais de 600 casos fatais de overdose foram registrados somente nos primeiros três meses do ano.
Para conter esta epidemia destas mortes evitáveis, a prefeitura de NYC inaugurou nesta terça-feira (30), as primeiras salas para que dependentes químicos possam usar drogas de forma supervisionada. “Depois de um estudo exaustivo, sabemos que este é um caminho a seguir para proteger as pessoas mais vulneráveis em nossa cidade”, disse o prefeito Bill de Blasio em comunicado.
Segundo ele, a medida pode poupar até 130 vidas por ano. “Tenho orgulho de mostrar às outras cidades do país que um abordagem mais inteligente é possível”, afirmou o prefeito.
Os Centros de Prevenção à Overdose, como as salas estão sendo chamadas, ficam localizados em Manhattan e são operados por uma organização sem fins lucrativos chamada OnPoint NYC. “Ser o primeiro nos EUA é uma honra e um passo incrível para acabar com a crise de overdose”, disse o grupo em um tweet.
O local oferece agulhas e seringas descartáveis, e conta com a presença de profissionais médicos e terapeutas. Os usuários também têm acesso a tratamentos antidrogas e outros cuidados de saúde.
Ainda não se sabe se o programa enfrentará processos legais contrários à sua existência, mas De Blasio reconheceu a possibilidade de uma repressão federal. No início deste mês, o governo Biden recusou-se a apoiar a criação deste centros como estratégia para reduzir overdoses fatais no país.
Durante uma coletiva de imprensa, o chefe do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca, Rahul Gupta, disse que a questão seria decidida pelos tribunais.
Em janeiro, um grupo de juízes federais bloqueou a criação de um espaço semelhante a este na Filadélfia. “A crise de opióides pode exigir soluções inovadoras, mas as ações locais podem não infringir a lei federal”, disseram os juízes do 3rd U.S. Circuit Court of Appeals.
Países como Austrália e Canadá já adotam os Centros de Prevenção à Overdose para reduzir mortes por excesso de drogas, reduzir o uso de substâncias ilegais em locais públicos, e promover a prática segura de injeção, reduzindo a propagação de doenças como AIDS e hepatite.