Sempre gostei de carne – dificilmente viraria vegano, basta pensar em picanha na brasa que já quase me afogo em saliva! Quando pequeno passava os fins de semana na casa de meu tio em Campinas e muitas vezes comíamos carnes preparadas na churrasqueira, mas somente depois de adulto entendi o prazer do churrasco.
Churrasco não é apenas “comida”, envolve todo um ritual que só quem gosta de fazer reconhece. Os que só participam comendo não sabem o prazer que é preparar tudo, temperar a carne, arrumar e acender o carvão e cuidar enquanto assa. Aliás, se engana quem acha que o churrasqueiro é quem come menos, tipo “coitado, ele fica lá preparando a carne enquanto só nós ficamos comendo…”. Ahã, tá bom.
Tenho feito churrasco com fre-
quência no escritório em São Paulo, em uma pequena churrasqueira portátil – não é como fazer em um local grande e adequado, mas os resultados têm agradado aos frequentadores (minha funcionária Carla, minha irmã e minha mãe). Compramos espetos diversos e de vez em quando jogo umas cebolas envoltas em papel alumínio direto na brasa. Temos um trato: eu compro as carnes e preparo, a Carla compra a cerveja e limpa tudo depois. Geralmente nesse dia o expediente fica um pouco mais curto, entende?
Aqui perto abriram lojas de congelados da Swift, com carnes muito boas e de primeira. Além da carne, a farofa é deliciosa – outro item que compro direto é o carvão, nunca vi um carvão queimar tão fácil sem fazer quase nada de fumaça e nem pipocar fagulhas! (atenção Swift, favor depositar a comissão na minha bancária)
Também faço na Itália, para mim e meu irmão, mas já fiz algumas vezes só para mim – além de ficar bom, digamos que a vista da churrasqueira é “um pouco” melhor que a do escritório em São Paulo… Contudo, a carne não chega aos pés da que compro aqui, e o carvão é uma porcaria. Demora a pegar fogo e espalha fagulhas o tempo todo, o que não é nada agradável quando se está de Havaianas nos pés.
Com a prática acabei pegando as manhas para acender a brasa, basta colocar azeite (ou outro óleo) em duas folhas de papel de cozinha, amassar e colocar sob algumas pedras de carvão. Depois que acende nem precisa ficar abanando, o carvão pega fogo bem rápido. Mas se for como o carvão da Itália demora mais.
Há alguns dias fiz uma peça de picanha que provavelmente foi a melhor que já comi até hoje, a carne desmanchava na boca e tinha um sabor fantástico! Raramente compro peças de carne, somente espetos ou linguiças – mas depois de ficar algum tempo na Itália me deu vontade de comer a picanha. Fui na Swift (olha a comissão…) e como digamos que não entendo blicas de carne, pedi ajuda ao rapaz da loja, que prontamente me levou ao balcão onde as peças estavam e me disse que haviam peças “veia 1, 2 e 3”. Ele foi atencioso e me explicou mais ou menos, mas infelizmente a fome me deixou meio off-line. Peguei uma da “veia 1” e o resultado foi muito bom!
Quando preparo o churrasco na Itália, meu lado incendiário vem à tona – eu acabo jogando todas as folhas e galhos secos que caem das árvores no fim do churrasco, isso faz com que praticamente não sobrem resíduos do carvão, pois vira cinzas e cai no coletor do fundo. No dia seguinte quando tudo já está bem frio eu jogo nas plantas do jardim, aparentemente é um bom adubo natural.
Quase tudo no churrasco é bom demais. Só uma “coisinha” enche no final (quando faço sozinho), ter que limpar os apetrechos todos…