DA REDAÇÃO – A agonia da paulistana Cíntia Pereira, já retratada em janeiro pelo AcheiUSA e compartilhada incansavelmente pela mãe e por amigos nas redes sociais, chegou ao fim. O filho de Cíntia, Joseph, de seis anos, voltou para os braços da mãe na última segunda-feira (25). Joseph foi levado pelo pai no dia 08 de dezembro em São Paulo (SP) e, desde então, a mãe não tinha qualquer tipo de notícia do menino – nem telefonema, e-mail ou qualquer tipo de informação – apenas a certeza de que um dia iria reencontrá-lo. Este dia chegou. Eles se encontraram na cidade de Provo, em Utah, onde um juiz concedeu a guarda de Joseph a Cíntia e não deixou o pai da criança nem se despedir do menino.
“Eu vivi um inferno desde o dia 8 de dezembro do ano passado. Quem acompanhou minha história sabe da minha luta diária, indo à polícia, buscando notícias, entrando em contato com as autoridades, sem parar um minuto sequer. Muitas vezes, o cansaço me abatia, mas nunca perdi a esperança e jamais parei de lutar. A recompensa veio. Não consigo explicar a felicidade que eu e o Joseph estamos sentindo agora”, disse Cíntia ao AcheiUSA.
Cíntia veio aos Estados Unidos para uma audiência na Corte e, há duas semanas, estava com um advogado que conseguiu junto ao juiz que a brasileira conquistasse o direito à guarda provisória de Joseph. “Eu tinha que vir à Corte porque demos entrada no processo de busca e apreensão do meu filho e já tinha a custódia dele provisória nos EUA e a afirmação de que ele estava em Provo. Os avós seriam ouvidos e a advogada achou melhor eu estar presente. A justiça americana tem sido boa para mim”, disse.
A paulistana disse que o filho estava vivendo com o pai e sendo cuidado durante o dia pelos avós paternos que esconderam durante todo esse tempo notícias sobre o paradeiro do menino. Agora, o que ela mais quer é voltar para São Paulo com Joseph. “Ele também quer voltar para casa”.
Na quinta-feira (28), eles tiveram outra audiência e Cintia não entrou em detalhes sobre o resultado. A próxima audiência será no dia 12 de maio e ela ficará nos EUA aguardando o parecer para, só então, voltar para o Brasil. Não se sabe ao certo como Gary veio para os Estados Unidos com a criança sem a autorização da mãe, mas ela recebeu a informação que teria sido pela Argentina com a ajuda de amigos.
Entenda o caso
No dia 8 de dezembro do ano passado o ex-marido americano de Cíntia, Gary – que até então dividia a guarda com ela – não levou o filho de volta para casa da mãe em São Paulo (SP).
Segundo Cíntia, Gary desapareceu com o filho dos dois sem deixar rastro. Ela não sabia nem se ele estava no Brasil ou nos EUA. “No dia combinado de ele entregar meu filho, fiquei esperando e nada. Fui até o apartamento dele e nada, liguei, mandei e-mail e até hoje nada. Já acionei os pais dele nos EUA, a polícia está procurando, a embaixada, todas as autoridades que eu pude mobilizar, eu já mobilizei. Preciso de ajuda”, disse.
Cíntia foi até a embaixada dos EUA no Brasil e eles informaram que não foi emitido nenhum passaporte no nome da criança que completou seis anos no dia 6 de janeiro.
A paulistana chegou aos Estados Unidos em 2007, se casou com Gary em Salt Lake City em 2011. O casal resolveu se mudar para o Brasil porque, segundo ela, o marido estava desempregado e pensou que no Brasil talvez conseguisse trabalho mais facilmente. “Quando viemos eu estava grávida de três meses. Eu tinha apartamento próprio e voltamos. Ele não procurava trabalho e percebi que ele não gostava de trabalhar. Nosso filho nasceu e as coisas ficaram piores ainda. Ele se trancava com o bebê no quarto e nem me deixava amamentar, fugi para casa do meu pai”, contou.
Gary voltou para os EUA quando Joseph ia fazer um ano e, segundo Cíntia, perdeu o contato com a criança. Nem respondia mais e-mails, nem telefonema, nada, “Em 2013, quando ele ficou sabendo que eu estava em outro relacionamento, ele resolveu pedir a guarda, voltou para o Brasil e aí começou meu inferno”. O juiz deu a guarda compartilhada, ele pegava o menino a cada 15 dias e devolvia para a mãe. “Ele convivia bem com o pai, mas não gostava muito de ir. Sempre chorava e contava nos dedinhos o dia de voltar. Ele pegava o menino na escola e eu buscava na segunda-feira também na escola para evitar qualquer tipo de contato”, disse. Como o americano “era uma pessoa difícil”, não dava nada para o filho e também morava num lugar quase sem móveis, ela decidiu pedir na Justiça a guarda unilateral e o pedido foi aceito pela juíza.
Gary passou a ser procurado pelas autoridades brasileiras. Nos aeroportos, não havia nenhum sinal de que ele teria embarcado com a criança.