Um chefe da polícia Estadual de Washington, que votou em Donald Trump porque queria um presidente que aumentasse a segurança nas fronteiras, está “em choque” depois de ver agentes do Departamento de Imigração deter e deportar um imigrante que morava na vizinhança há mais de uma década. Flint Wright, chefe de polícia em Long Beach, disse ao jornal Seattle Times que ficou abalado com a prisão e deportação de Mário Rodriguez, que vivia no mesmo bairro há 12 anos.
“Ele era realmente a favor do cumprimento das leis”, comentou Wright sobre Rodriguez. “Escolha, qualquer pessoa gostaria de tê-lo como vizinho”.
Mário tinha visto de turista vencido e foi pego durante uma batida migratória. Ele trabalhava na área de educação bilíngue e estudava para ser professor. Além disso, ele ajudava a polícia denunciando as áreas problemáticas na cidade. Os agentes do ICE realizaram, somente esse ano, 3.100 prisões no Oregon, Washington e Alasca, os três estados que estão sob a jurisdição de Seattle.
Há uma diferença significativa, aprendeu Wright, entre a retórica de Trump que apresenta os imigrantes indocumentados como a causa principal da crise econômica e criminalidade no país e a realidade em ver alguém conhecido ser deportado, apesar de não ter feito mal a ninguém. “Eles estão trazendo drogas. Eles estão trazendo a criminalidade. Eles são estupradores. Alguns deles, eu imagino que sejam pessoas boas”, disse Trump repetidamente em seus discursos exaltados que atraíam simpatizantes fervorosos. O problema é que as autoridades estão tendo dificuldade em separar “o joio do trigo”.
No Condado de Pacific, em Washington, as batidas do ICE e deportações estão provocando efeito dominó na indústria que processa frutos do mar; a principal atividade econômica em cidades como Long Beach.
“Nós não temos Nike. Nós não temos Boeing. Isso é o que nós temos aqui”, disse Steve Gray, proprietário de uma fábrica de enlatados. “Tire a fonte principal de mão-de-obra e você perderá indústrias inteiras”, reclamou. (Com informações do Seattle Times).