O número de casos de dengue nas Américas atingiu um nível alarmante em 2024, com quase 12 milhões de casos registrados até outubro — quase o triplo do total do ano passado. Pesquisas recentes sugerem que as mudanças climáticas são responsáveis por cerca de um quinto da carga global de dengue, com uma tendência de aumento nos próximos anos. Esse estudo, apresentado na reunião anual da American Society of Tropical Medicine and Hygiene, associa o aumento das temperaturas à expansão da doença, especialmente em regiões tropicais e subtropicais.
Nos Estados Unidos, mais de 7.200 casos de dengue foram relatados em 2024, mais do que o dobro do total do ano passado. Na Flórida, 53 casos locais foram confirmados após dois casos iniciais nas Keys, enquanto a Califórnia registrou 15 casos. Porto Rico, porém, foi o mais afetado, com mais de 4.500 casos locais, levando o território a declarar emergência de saúde pública em março por causa do aumento alarmante de infecções.
Se as emissões de gases do efeito estufa continuarem nesse ritmo, a pesquisa prevê que a incidência de dengue pode crescer 60% até 2050. Algumas áreas, como partes do Brasil, Peru, México e Bolívia poderiam ver aumentos de até 200% nos casos. Especialistas da saúde pública alertam que o aquecimento global amplia o alcance geográfico dos mosquitos que transmitem a doença, como o Aedes aegypti, favorecendo sua proliferação em locais onde antes não eram comuns.
Os pesquisadores ressaltam que o aumento global das temperaturas está ligado a uma série de consequências para a saúde, como a proliferação da dengue em novas áreas. Mallory Harris, uma das autoras do estudo e pesquisadora da University of Maryland, sugere que a adaptação a esses surtos inclui o investimento em vacinas e no controle de populações de mosquitos.