Hospitais, necrotérios e cemitérios brasileiros estão ficando sobrecarregados com o aumento nos casos graves e fatais de COVID-19 no país. As autoridades alertam que no Rio de Janeiro e em pelo menos outras quatro grandes cidades o sistema de saúde está à beira do colapso, e o número de infectados pode ser muito maior do que o reportado, devido à quantidade insuficiente de kits de teste e ao atraso no combate à pandemia.
O presidente Bolsonaro não dá sinais de voltar atrás na sua convicção de que o COVID-19 não passa de uma gripe relativamente leve e que medidas de distanciamento social não são necessárias. Segundo Bolsonaro, somente os brasileiros de alto risco é que devem ser isolados.
Em Manaus, um cemitério teve que abrir covas coletivas por causa do número de mortes. Funcionários estão enterrando cerca de 100 cadáveres por dia, o triplo do normal.
O ministério da Saúde confirmou cerca de 53 mil casos de COVID-19 no país, com mais de 3,5 mil mortos. Pela conta oficial, o pior dia até agora foi a quinta-feira passada (23), com 3,7 mil casos novos e 400 mortes. Pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), de Brasília (UnB) e outras instituições, dizem que o número real de pessoas infectadas com o vírus pode estar entre 500 mil e 1 milhão.
No estado do Rio de Janeiro, sete dos seis hospitais públicos preparados para receberem novos paciente estão lotados, segundo nota da secretaria de Saúde do estado. O único hospital ainda com vagas fica em Volta Redonda, a duas horas da capital. No sábado (25), o primeiro hospital de campanha será aberto na cidade do Rio, com 200 leitos, metade deles reservada para a CTI. Outro hospital de 400 leitos está previsto para ser montado nas imediações do Maracanã.
O presidente Bolsonaro segue desprezando as recomedações das autoridades médicas sobre a disseminação do vírus pelo país. Na semana passada, demitiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defendia medidas rigorosas de confinamento social e cobate à pandemia. A postura de Bolsonaro segue a mesma linha de seu colega americano, Donald Trump, insistindo para que as pessoas voltem logo a trabalhar a fim de evitar uma crise econômica mais profunda. Entretanto, até mesmo Trump já adotou um tom mais realista com relação à gravidade da pandemia.
A luta para a volta ao trabalho “é um risco que eu assumo”, disse Bolsonaro em discurso durante a posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich. Se a pandemia aumentar, disse, “vai cair no meu colo”.
Com informações da Associated Press.