Com a eleição decidida e o novo governo se delineando de forma preocupante, gostaria de reafirmar o compromisso inabalável do Instituto Diáspora Brasil (IDB) para com a nossa comunidade, nossos parceiros e, mais importante, com o nosso trabalho. Durante a campanha presidencial, o agora presidente-eleito, conseguiu mobilizar o que há de pior: racismo, xenofobia, sexismo, homofobia, LGBTQIA+ fobia e o anti-semitismo. Nada surpreendente, pois isso também é a América! Durante outros períodos históricos, politicos carismáticos defendendo uma mensagem populista surgiram no cenário, conquistando o apoio dos cidadãos que se sentiam marginalizados ou ignorados.
Sabemos que este momento é tenso e que os próximos meses serão difíceis. O presidente eleito prometeu um programa de deportação em massa, iniciando no primeiro dia da sua administração. As indicações de indivíduous xenofóbicos para os cargos importantes como Stephen Miller, indicado Chefe Adjunto de Gabinete para Políticas; Tulsi Gabbard, indicada como Diretora Nacional de Inteligência e Tom Homan, nomeado o novo “czar da fronteira,” assustam. Miller foi o arquiteto das políticas anti-imigrantes durante o primeiro governo Trump. Tom Homan dirigiu o ICE durante a mesma administração, implementando políticas como a de separação de famílias na fronteira seguindo a estratégia “tolerância zero.” Em entrevista recente para o programa 60 Minutes, prometeu uma histórica operação de deportação em massa que se daria sem a separação das famílias, afirmando que as famílias, poderiam ser deportadas juntas! Ele estava se referindo a deportação de crianças com cidadania americana com pais indocumentados!
As deportações em massa e as políticas de imigração estritas, como as propostas pela nova administração, terão implicações profundas para as comunidades imigrantes. Estas políticas serão voltadas tanto para aqueles imigrantes com antecedentes criminais graves quanto para os com delitos menores, aqueles com ordens de deportação prévias, beneficiários de programas de proteção, imigrantes com casos pendentes em tribunais de imigração, imigrantes em comunidades santuárias e, muito provavelmente, ameaçará também o bem-estar dos imigrantes com estatuto legal e até mesmo, potencialmente, dos cidadãos norte-americanos naturalizados. Este plano promete destabilizar famílias, destruir comunidades e aprofundar o medo e a incerteza. Trump nos disse exatamente o que pretende fazer, precisamos acreditar nele e estar prontos para os desafios que virão. Não devemos ter ilusões, devemos nos preparar para o pior e lutar para que ele não aconteça.
Em momentos de crise como este, a história tem demonstrado que a união e a resistência podem fazer a diferença. É fundamental que as comunidades imigrantes, e aqueles que nos apoiam, se unam para enfrentar este desafio. Hoje mais do que nunca, é importante que pessoas com privilégios e cidadania americana ajam em solidariedade àqueles com risco de deportação. As organizações comunitárias, as igrejas, a mídia, e os diversos grupos de apoio têm papel fundamental nesta luta. As comunidades imigrantes, e a comunidade imigrante brasileira em particular, têm mostrado uma capacidade enorme de perseverança e luta.
Não importa o que aconteça, enfrentaremos juntos, de forma disciplinada e sustentada, os planos de deportação em massa de Trump. Estaremos juntos em comunidade e comunhão.
Alvaro Lima
*O Instituto Diáspora Brasil (IDB) é uma organizacão independente, sem fins lucrativos, pautada numa ideia simples: o conhecimento empodera.
Nossa missão é facilitar a pesquisa e a elaboração de políticas públicas voltadas ao empoderamento cultural, político e econômico das comunidades brasileiras residentes no exterior e suas organizacões. Essa missão é realizada pela produção, agregação, classificação e curadoria de textos, documentos, livros, dados e testemunhos que facilitem o entendimento dos processos migratórios dessas populações, suas histórias e memórias.
Os textos e estudos produzidos servem de base para a advocacia junto aos setores público e privado. Brasileiros imigrantes, pesquisadores, estudantes, jornalistas, sindicalistas, ativistas e políticos formam o nosso público alvo.