Histórico

Câmara de Deputados retoma as sessões sem a reforma imigratória

Extinguem-se as probabilidades de se aprovar uma reforma imigratória abrangente no que resta de 2013

A Câmara de Representantes voltou aos trabalhos em Washington nesta terça-feira (12) depois de um recesso de mais de uma semana. Ativistas esperavam ver um renovado esforço para aprovar a reforma imigratória, mas, em contrapartida, encontraram um crescente coro de legisladores republicanos que afirma que tal coisa é impossível nos 16 dias hábeis que restam no calendário legislativo de 2013.

Por sua vez, os ativistas pró-imigrantes dizem que não diminuirão seu empenho. Estão anunciando mais atividades de pressão para breve e ameaçam os republicanos com “consequências” políticas se não derem andamento a um projeto de lei na Câmara. O Senado já aprovou seu projeto em junho.

Vários congressistas republicanos e mesmo alguns democratas estão dizendo nos últimos dias que o tempo se esgota no calendário e que será preciso deixar a discussão da reforma na Câmara de Deputados para o 2014, na segunda sessão legislativa deste Congresso.

O último a afirmar isto foi o parlamentar da Flórida Mario Díaz Balart, o único republicano que não abandonou o “grupo bipartidário dos 8” da Câmara Baixa, mas que agora opina que a reforma imigratória “é pouco provável que ocorra este ano”. Díaz Balart também disse que poderia ser retomada no início de 2014, mas acrescentou que, se não for feita nos primeiros meses, o projeto estaria “morto” devido às eleições de meio-termo de novembro.

Clima de pessimismo

Não é o primeiro a dizer isto. Há alguns dias, o terceiro parlamentar da liderança republicana, Kevin McCarthy, da Califórnia, disse a um grupo de mulheres ativistas que invadiu seu escritório em Bakersfield que este ano a reforma já não seria possível.

“A estratégia deles é dilatar os prazos para derrotar”, disse Angélica Salas, diretora executiva da Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes (CHIRLA). “Desde março nos diziam que preparavam um projeto com o grupo bipartidário, depois saíram três do grupo. Depois, que seria aos pedaços e agora que não mais este ano”.

Outros republicanos têm feito declarações similares. Até mesmo o senador John McCain, que é a favor da reforma imigratória integral, disse recentemente que a Câmara poderia retomar o tema depois das eleições de 2014 na chamada “lame duck session”, ou seja, na última sessão do Congresso que termina em dezembro deste ano.

O democrata Henry Cuellar de Laredo disse que já não havia tempo para a reforma, um dos poucos de seu partido que até agora disse isto publicamente.

Esta insistência está calando em alguns ativistas como Salas, que tem dito que, se os republicanos insistirem em não retomá-la este ano, eles continuarão pressionando os democratas e a Casa Branca para que ofereçam outro tipo de alívio para as deportações.

Mas Mehrdad Azemun, da organização FIRM (Movimento por uma Reforma de Imigração Justa), disse que as declarações dos republicanos tinham o objetivo de “tatear o terreno”.

“Sabíamos que isto iria ocorrer e que continuariam este tipo de jogo até o início de dezembro,” disse Azemun, cuja organização está levando a Washington 150 crianças, pais e ativistas esta semana para enfocar a atenção sobre a necessidade da reforma. “Não nos surpreende e é uma atitude politicamente desastrosa. Há 1,100 deportações por dia”.

Criticam declarações

Frank Sharry, da organização lobista America’s Voice, respondeu indignado às declarações dos republicanos. “A ideia de que não há tempo para a reforma é absurda”, disse Sharry. “Agora mesmo existem os votos para aprovar a reforma ampla com caminho para a cidadania. Não é questão de calendário, mas, sim, de vontade. Se encontraram tempo para dar a Steve King (deputado de Iowa) um voto para deportar dreamers, seguramente encontrarão tempo para o plano de cidadania”.

Angie Kelly, do Centro para o Progresso Americano (CAP), disse que os republicanos estão “evitando a dor política” de tomar uma decisão a respeito do tema imigratório. “Vão ter de sentir algo desta dor, agora ou mais adiante”, disse Kelly. “A pergunta é qual será pior, se aprovar algo agora e enfrentar críticas da direita de seu partido ou não fazer nada e perder no longo prazo a oportunidade de voltar a apelar pelo voto latino. Esta é a pergunta”.

Esta terça-feira (12) organizações lançaram uma série de jejuns em todo o país promovida por grupos de fé, entre eles católicos, evangélicos e outros, sindicatos e uma variedade de grupos de apoio.

Nesta quarta-feira (13) e quinta-feira (14) crianças imigrantes na capital do país pedirão para ser evitada a separação familiar. Recebem apoio de ativistas da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos que nos anos 70, quando crianças, fizeram um protesto similar.
Durante toda a semana grupos realizarão eventos nos gabinetes de diversos congressistas republicanos.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo

Exit mobile version