No outono algumas regiões da Itália ficam cheias daquele besouro comumente conhecido no Brasil como “Maria fedida” (a menos que tenham mudado o nome para “Pessoa de Sexo Indefinido Sem Hábitos de Banhos Frequentes por Escolha Própria”). Bom, a questão é que outro dia fui entrar no carro que estava estacionado perto do escritório e ao chegar perto vi que estava coberto dessa praga. Voltei e peguei uma lata de inseticida – gastei a lata inteira tentando tirar os bichos de lá. Só que o vento mudou e aquela fumaça toda voltou na minha direção, comecei a tossir, fiquei zonzo e caí de cabeça!
Meus olhos demoraram a abrir, e de repente me vi à distância, estirado no chão com pessoas à minha volta! Seria uma experiência extracorpórea? Mas eu não acredito nessas coisas! Não… que zunido é esse vindo das minhas costas?… Hey! Vire um Mário Fedido! Que cuernos é isso???? Mas, mas…. devo estar sonhando! E que fumaça com cheiro ruim é essa? Estou meio zonzo… puf, no chão! Ó vida cruel, fui matar os bichinhos e estou pagando por isso.
Mas acho que não morri, ainda estou voando, e me sinto feliz, todo colorido… quê? Virei uma borboleta??? Ô dona Mãe Natureza, tá me estranhando??? Ok, vou levar esse sonho pra frente e ver no que dá. Quem sabe acho flores em alguma videira que tenham gosto de vinho. Ah, tem umas flores logo ali, do outro lado dessa estrada. POOOFFFF! Não tinha visto esse para-brisas chegando. Eca.
Voando de novo… mais rápido agora, e a vontade de lamber flores passou. Agora estou com uma sede estranha, meio vampiresca. Ah, sou uma droga de mosquito! Tá bom, vou entrar na brincadeira, mas também não vou chupar sangue de qualquer um, vou escolher. Já que estou perto da praia vou procurar alguém de biquini – sangue glúteo deve ter gosto bom, acho. Não é que esse bicho voa rápido mesmo? O problema é o zunido, todo mundo percebe quando estou chegando. Mas estou vendo uma banhista dormindo de bruços na praia… área de pouso preparada e zum! PAF! O namorado não estava dormindo.
Estou achando que este sonho foi causado pelas inúmeras vezes que assisti Lucas no Formigueiro (The Ant Bully em inglês) com a Bianca. Justamente se trata de um menino que maltrata as formigas e acaba sendo encolhido, tendo que conviver com elas por um tempo até se redimir.
Acordei de novo – nossa, como estou veloz, consigo entrar em qualquer fresta e…. EEECAAAAA!!!! Meu, isso não! Tenho que me esconder rápido embaixo desse armário, antes que alguém POF! Pisada certeira nas minhas costas… morri. Não, não morri–consigo andar de novo! Agora vou para baixo desse móvel. Olha, tem até uma casinha preta de plástico, parece que tem um petisco lá dentro. Hum.. o gosto não é ruim, mas porque estou com as costas viradas pra baixo e tudo está ficando escuro?…
“Senhor? Senhor?” Abro os olhos lentamente e vejo uma enfermeira falando comigo – realmente o inseticida me fez mal e me trouxeram para o hospital. Ufa, ainda bem, não aguentaria piorar no quesito inseto. Afinal, o que poderia ser pior que virar uma barata?
“Que bom que o senhor acordou, os remédios fizeram efeito”
“Quanto tempo fiquei fora do ar?”
“Sua reação ao veneno foi forte, tivemos que deixá-lo sob sedação por dois dias. E por todo esse tempo o pessoal do seu partido ficou de plantão aí fora”
NÃÃÃÃO! Piorou, virei político!