Da Redação com Agências – Documentos da empresa panamenha Mossack Fonseca revelados no domingo (3) mostram que políticos e empresários brasileiros investigados por crimes no país teriam usado a companhia para comprar imóveis de luxo em Miami.
Segundo informações divulgadas por vários veículos da imprensa mundial reunidos por meio do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, entre eles o jornal “Miami Herald”, os vazamentos envolvem 140 políticos e funcionários públicos de vários países, entre eles 12 chefes de Estado atuais e antigos.
O “Miami Herald” cita o caso de Paulo Octávio Alves Pereira, ex-governador do Distrito Federal (DF), que chegou a ser preso em 2014 pela Polícia Civil do DF durante a Operação Átrio. Segundo o jornal, três anos antes, em 2011, ele teria pago $2,95 milhões em dinheiro por um apartamento de três quartos em um condomínio de luxo em Bal Harbour, através de uma offshore – empresas constituídas no exterior – registrada nas Ilhas Virgens.
O advogado de Paulo Octávio em Miami, Julio Barbosa, disse ao “Miami Herald” que seu cliente não violou nenhuma lei e que as transações “cumpriram com toda a legislação aplicável”.
A lista de personalidades e políticos relacionada à Mossack Fonseca que comprou propriedades em Miami inclui Luciano Lobão, filho do ex-ministro Edison Lobão – um dos investigados na Operação Lava Jato -, e que comprou uma casa em Miami Beach por $636 mil.
Além deles, aparece entre os clientes da companhia panamenha Marcelo Carvalho Cordeiro, ex-presidente do Fundo de Previdência do Rio de Janeiro e envolvido na concessão irregular de contratos milionários, que adquiriu no ano passado uma residência em Key Biscayne por $2,7 milhões.
O “Miami Herald” afirma que não existem indícios de uso de dinheiro sujo nessas compras e que tanto Lobão como Cordeiro “não tentaram esconder” as aquisições, já que usaram companhias com sede na Flórida registradas em seus próprios nomes.
No entanto, as suspeitas sobre o mercado imobiliário de luxo em Miami fizeram com que o Departamento do Tesouro, através da Rede Policial de Crimes Financeiros dos EUA, iniciasse um plano de vigilância sobre as transações de mais de $ 1 milhão e que foram efetuadas em dinheiro ou por meio de empresas de fachada.
O órgão considera que elas são as mais suscetíveis à manipulação devido a falta de transparência das operações. Além disso, no condado de Miami-Dade, as compras de imóveis em dinheiro representaram 53% do total em 2015.
De acordo com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que publicou hoje detalhes da extensa investigação no seu site, o vazamento inclui 11,5 milhões de quase quatro décadas de funcionamento da Mossack Fonseca, com informações sobre cerca de 214 mil empresas offshore em mais de 200 países. A Mossack Fonseca negou qualquer vínculo com os crimes supostamente cometidos por suas centenas de clientes.