Histórico

Brasileiros são vítimas de assaltos e roubos no condado de Broward

Comunidade relata ocorrências, que antes eram bem raras na região

Vários estudos associam aumento da violência e crise econômica – e em Broward os brasileiros estão sentindo isso na pele. Várias ocorrências, desde roubos a residências até assaltos a mão armada, inclusive em sinais de trânsito, foram registradas na delegacia local envolvendo membros da nossa comunidade. No maior condado da Flórida, as estatísticas mostram ainda um crescimento de 4% em crimes como estupros e assassinatos, apesar da queda no número de habitantes na região.

Uma das vítimas foi a carioca Lúcia Chacon, proprietária da American Quality, que mora em Deerfield Beach. Ela foi assaltada há poucas semanas por dois adolescentes armados com revólver no calçadão da Praia de Hollywood e perdeu documentos, dinheiro e cartões de crédito. Para piorar, foi agredida com uma coronhada, sem que pudesse reagir. Tentou chamar a polícia, mas os jovens fugiram na escuridão. “Sou do Rio de Janeiro e já fui assaltada antes, mas não estou acostumada com esse tipo de situação aqui nos Estados Unidos. Mas aqui ainda está melhor do que no Brasil”, admite Lúcia.

Outra que sofreu com o aumento da violência em Broward foi Sandra Batista, de Pompano Beach, que foi assaltada duas vezes na mesma semana. Em um dos casos, o carro da família foi roubado da porta da garagem da casa e só foi recuperado horas depois, já sem estofados, volante e tapetes. Poucos dias depois, a residência foi invadida num momento em que a família estava na Igreja: os ladrões quebraram a janela e roubaram somente jóias, deixando para trás produtos eletrônicos, entre eles um laptop, e gavetas e armários revirados. Resultado: um prejuízo de aproximadamente 10 mil dólares e um trauma que ainda está presente nos três filhos.

“Minha filha caçula não consegue mais dormir sozinha e se recusa a brincar no jardim, com medo de que alguém apareça”, conta Sandra, que é natural de Diamantina, em Minas Gerais, e vive há 11 anos na América. Ela ressalta que jamais teve problema deste tipo no Brasil e já providenciou alarme para o carro e trancas novas para as portas e janelas da residência. Além disso, tem a preocupação de deixar a luz acesa e a televisão ligada toda vez que sai de casa, de preferência em um canal brasileiro. “Pode parecer paranóia, mas assim os ladrões vão achar que sempre tem alguém por lá”, explicou.

Importância de denunciar

A mineira lembra que é importante que a comunidade denuncie essas ocorrências à polícia. Ela mesmo hesitou em comunicar o fato na delegacia num primeiro momento, devido à sua situação imigratória, mas não se arrependeu de ter procurado as autoridades. “Minha família foi muito bem tratada pelos policiais, que estão empenhados em garantir a segurança da vizinhança e jamais perguntaram se tínhamos documentos”, revelou Sandra.

Esta, porém, não foi a decisão de Marina (não quis dar o sobrenome), uma pernambucana que se mudou há apenas dois meses para a Flórida. Depois de ter sido assaltada com uma arma na apontada para sua cabeça num sinal da Powerline com a Hillsboro Blvd., ela preferiu evitar a delegacia e se conformou com o prejuízo de 600 dólares, dinheiro que havia acabado de receber no emprego. “Como eu ia explicar que estava dirigindo sem carteira?”, indagou a jovem de 24 anos, que antes morava em Dallas (Texas). Ela ficou assustada com o fato e já pensa em voltar para o Brasil. “Uma das vantagens dos Estados Unidos era a taxa da criminalidade baixa, mas agora estou vendo cada vez mais violência por aqui. Já penso que não vale a pena viver assim”, acredita Marina.

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