Números divulgados pelo Departamento de Homeland Security (DHS) relativos ao ano fiscal de 2020 – outubro de 2019 a setembro de 2020 – mostram que 48 mil brasileiros que entraram com vistos de turismo/negócios via aeroporto ou pelo mar, não voltaram para o Brasil. Os brasileiros são os estrangeiros que mais violaram o tempo de permanência previsto por lei, que é de no máximo seis meses.
“Essas pessoas ingressaram legalmente com visto por portos de entrada americanos, mas ficaram acima do período autorizado. Esse período é determinado pelo agente de imigração e varia de país para país ou depende da duração da atividade informada às autoridades”, diz o relatório.
O DHS destaca que, devido à pandemia do coronavírus, as fronteiras marítimas, aéreas e terrestres foram fechadas em junho de 2020 e isso reflete nos números. No ano fiscal de 2020, 46 milhões de pessoas entraram nos EUA legalmente, 17.4% menor que em 2019, quando 55.9 milhões de estrangeiros foram admitidos.
Dos 46 milhões de estrangeiros que entraram nos EUA em 2020, 684 mil ficaram além do tempo permitido, ou seja, de forma irregular no País.
No caso dos brasileiros, 1.9 milhão viajaram para os Estados Unidos no ano de 2020 e 48.881 ficaram de forma irregular, o que corresponde a 2.46% do total. Já para estudantes e visitantes de intercâmbio (F, M, J), 60.265 brasileiros tinham a saída do país esperada e 2,223 são suspeitos de terem permanecido no país.
Outros países com número alto de overstays são México, Canadá, China, Venezuela, Colômbia e Jamaica.
Dificuldade para obtenção do visto de turista
Na opinião da advogada de imigração, Renata Castro, os números divulgados pelo DHS mostram porque está cada dia mais difícil para brasileiros conseguirem um visto de turismo e estudante.
“É importante lembrar que os brasileiros estão entre os que mais solicitam vistos de turista. Vistos de turistas são negados baseados nos períodos de permanência fora de status que as pessoas de um determinado país ficam. E, quanto mais pessoas ficam fora de status nos EUA, maior será o número de brasileiros que terá o visto de turista e o de estudante negados”, afirma a advogada.
Ela ressalta que, tendo em vista das dificuldades socioeconômicas enfrentadas pelo Brasil hoje, devido à pandemia e por razões diversas, esse número de solicitantes de vistos tende a crescer, proporcionalmente ao número de negativas. “É de se esperar que o ano de 2022, 2023, mesmo com Biden na presidência, sejam anos mais difíceis para os brasileiros obterem vistos de turista”. A advogada completa: “O Real enfraquecido também é um ponto desfavorável para os pleiteantes de vistos de turista, que não podem trabalhar e precisam comprovar que têm dinheiro para gastar”.