DA REDAÇÃO – As cenas que chocaram o país e o mundo de apoiadores do presidente Donald Trump, invadindo o capitólio norte-americano e causando terror nos legisladores, provocou a ira dos Democratas e críticas contundentes até mesmo entre deputados e senadores Republicanos. Muitos foram rápidos em condenar o presidente Trump por incitar os ataques, como a Republicana Liz Cheney, de Wyoming, que votou pelo impeachment na quarta-feira, 14, ao lado de outros nove republicanos.
Empresas como JPMorgan, Chase e Marriott, que contribuem regularmente para campanhas de Republicanos, anunciaram que irão deixar de financiar legisladores que se opuseram à certificação da vitória de Joe Biden no Senado, como o senador pelo Texas Ted Cruz e o ex-governador da Flórida, agora senador, Rick Scott. Jim Richerson, presidente e CEO da PGA, a associação de golfe profissional, cancelou o torneio que aconteceria em um dos campos de golfe de propriedade de Trump alegando que isso poderia prejudicar a imagem da marca.
A reação provocada pela invasão de extremistas de direita, muitos seguidores de teorias da conspiração, como a QAnon, divide opiniões entre a comunidade brasileira nos EUA. Enquanto alguns que se auto-intitulam de direita condenaram os ataques, outros acreditam que tudo era justificável para anular uma eleição que eles acreditam ter sido roubada. As teorias de conspiração ainda alimentam o imaginário de muitas pessoas. O que antes se limitava ao mundo virtual, ganhou mais adeptos e fez a transição para a vida pessoal de milhares de seguidores espalhados por todo o país, culminando na formação de grupos organizados que planejaram, meticulosamente, os ataques do dia 4 de janeiro em Washington, DC. Tudo com o apoio do presidente Trump.
Residente de Nova York, Marcos Valentim justifica a invasão no capitólio traçando um comparativo com os protestos do Black Lives Matter. “O ser humano tem memória curta. Ninguém lembra do que os Antifa e Black Lives Matter fizeram no país durante a campanha de Biden. Roubaram lojas, tacaram fogo em prédios públicos e mataram pessoas inocentes. Mas destes ninguém fala nada”, escreveu.
Ellen Leão, residente de Atlanta, Geórgia, concorda e acrescenta que estes grupos se infiltraram entre os manifestantes para invadir o Capitólio e colocar a culpa nos apoiadores de Trump. “Aquilo, na minha opinião, foi armado. Quem invadiu não era pró-Trump, eram os mesmos arruaceiros pagos pelos democratas (Antifa e BLM) para quebrar e incendiar”, acredita.
O diretor assistente do FBI, Steven D’Antuono disse na sexta-feira (8) que não há evidências de que membros do BLM e Antifa estavam entre os invasores. A teoria da conspiração teve início depois que o jornal The Washington Times publicou uma matéria alegando que a empresa de reconhecimento facial XRVision teria reconhecido rostos de integrantes do grupo anti-fascista Antifa entre as pessoas que invadiram o congresso. A notícia teria sido compartilhada mais de 150 mil vezes, segundo o jornal New York Times até que a própria XRVision veio a público desmentir a notícia. O jornal The Washington Times foi obrigado a retirar a notícia do website.
Os acontecimentos do dia 6 de janeiro também provocaram a crítica de brasileiros que se identificam com o partido Republicano e o presidente Trump, causando um alinhamento de opiniões entre liberais e conservadores que era improvável antes dos ataques. Mariuza Sternaimolo está entre as apoiadoras de Trump que desaprovam os ataques. “Sou eleitora de Trump, mas todo vândalo de ser punido”, diz.
Raquel Castro também se coloca contra o presidente eleito Joe Biden, mas critica a forma que os protestos foram feitos. “Foi um ataque à democracia e uma manifestação injustificável. Tempos sinistros por aqui. Não sou a favor de Biden, mas Trump em 2020 mereceu a derrota”, acredita ela, completando que “Uma semana para acabar o mandato dele, não faz sentido um pedido de impeachment. No meu entendimento, isso vai gerar mais ódio para os apoiadores de Trump”.
Al Monteiro, residente de San Francisco na Califórnia, resumiu em uma única frase sua visão dos acontecimentos. “Terrorismo doméstico”.