Com as rigorosas medidas anti-imigratórias do governo Trump e a promessa de deportações em massa, o ICE (Immigraton and Customs Enforcement) resolveu acelerar o processo de remoção de imigrantes irregulares no país, entre eles 88 brasileiros que foram embarcados em um voo fretado pelo governo com destino a Belo Horizonte (MG), em janeiro passado.
Os passageiros relataram condições dramáticas dentro do avião, com os homens algemados e acorrentados na parte da frente do avião, impedidos até mesmo de usar os banheiros. Muheres e crianças foram poupados das algemas e levadas para o fundo do avião. Já na decolagem o avião teve problemas e precisou retornar ao terminal para reparo em um dos motores.
O problema voltou durante uma escala para reabastecimento no Panamá, onde houve dificuldades na decolagem e o ar-condicionado parou de funcionar. Por causa disso, o comandante resolveu encurtar a viagem e desviar o voo para Manaus, no Amazonas. Depois do pouso na capital amazonense, o ar-condicionado da aeronave parou de funcionar novamente e o caos se instalou.
Os passageiros contam que os agentes do ICE não abriram as portas do avião em Manaus, e por isso alguns começaram a passar mal com o calor. Por fim, os passageiros tiveram a iniciativa de mesmo algemados abrirem a porta de emergência para escapar do sufoco.
“Começou a bater o desespero”, disse Luiz Santos, de 21 anos, um dos deportados. “Eu tenho asma e estava com dificuldades para respirar. Os agentes me levaram para a frente do avião e colocaram água na minha cabeça. As crianças começaram a chorar, os pais se deseperaram e nós então resolvemos agir”, disse o brasileiro.
Sobre a asa do avião, eles pediram para os funcionários do aeroporto chamarem a Polícia Federal e resolver o impasse. A PF entrou no avião e ordenou que o ICE liberasse imediatamente todos os passageiros. Segundo alguns, os agentes do ICE se apressaram para retirar as algemas e as correntes antes da chegada da PF, mas muitos não deixaram, a fim de mostrar à PF as condições pelas quais passaram durante o voo.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, mandou um avião da FAB a Manaus para levar os passageiros ao destino final do voo, em Belo Horizonte.