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Brasileiros acusam empresa de remessas de golpe nos EUA

Imigrantes enviaram dinheiro para o Brasil há pelo menos dois meses e destinatários não receberam; empresa alega estar passando por momento difícil, mas vai fazer os repasses

Da Redação com Brazilian Voice – Um grupo de imigrantes brasileiros que vivem nos EUA – na Flórida, em Massachusetts e em New Jersey – está acusando a empresa de remessas Century Union, sediada na cidade de Newark (NJ), de não ter enviado ao Brasil pelo menos $50 mil deles nos últimos dois meses.

Os reclamantes criaram um grupo no Facebook chamado “Golpe da Center Union”, que já tem mais de 400 seguidores. As pessoas estão postando fotos com os recibos e com os dizeres “Fui vítima da Century Union” e vídeos com depoimentos.

Entre os prejudicados está o chefe de segurança da área VIP do BrDay NY, Cláudio Barboza, hoje morador de Baltimore (MD), que em 3 de setembro enviou $3.500 à mãe em Sorocaba (SP), quando ele ainda residia em Jersey City. Devido à demora na chegada da remessa, ele contatou a agência e foi informado que o atraso era devido à longa greve bancária no Brasil. Posteriormente, com o final da greve dos bancos em 10 de outubro, ele ligou novamente para a agência e foi comunicado que a passagem do furacão Matthew na Flórida prejudicou as transações. Ele detalhou que contatou o escritório da empresa na Flórida e foi informado que sua remessa ainda seria efetuada.

Cláudio detalhou que mora nos EUA há 25 anos e é cidadão americano naturalizado há 17. Ele especula que muitos lesados tenham receio de denunciar a agência às autoridades por estarem em situação irregular no país. “A minha irmã foi ao banco na segunda-feira (24), mas o dinheiro ainda não havia entrado na conta”, relatou Cláudio.

A manicure Jessica, moradora em Newark, disse que enviou $3 mil em 17 de setembro e até o momento o dinheiro também não chegou ao seu destino. Assim como Cláudio, ela ouviu a mesma resposta pelo atraso.

Os prejudicados afirmam que as lojas da empresa estão fechadas e que não têm conseguido falar com os responsáveis.

Pessoas lesadas pela empresa postaram recibos no Facebook
Pessoas lesadas pela empresa postaram recibos no Facebook

O outro lado

Na tarde de terça-feira (25), a equipe de reportagem do jornal Brazilian Voice, de Newark, conversou com Robson, proprietário da Century Union. Durante a entrevista, ele reconheceu que empresa enfrenta dificuldades financeiras, mas garantiu que a sua intenção é efetuar todas as remessas feitas e que não planeja fechar a empresa. Ele detalhou que os problemas começaram em decorrência de um problema no sistema operacional da companhia que, entre janeiro e agosto, pagou comissões desproporcionais aos agentes e por conta da longa greve bancária no Brasil. A situação fez com que ele procurasse um sócio que injetasse novos recursos financeiros na empresa; o que ocorreu recentemente, afirmou.

“A Bete (Elizabeth) não tem nada a ver com isso. O meu plano é pagar as remessas, mas eu preciso de compreensão. Caso não consiga pagar, tenho a opção de acionar o seguro. Eu tenho intenção de pagar”, disse Robson. “Eu jamais pensei em fechar a empresa; pois é a única coisa que tenho”.

Robson reclamou da pressão feita pelos internautas nas redes sociais. Segundo ele, a mobilização online somente prejudica a resolução do problema. “Eles (clientes) estão me matando. Eles estão causando transtorno”, disse, acrescentando que perdeu as duas atendentes da agência na Wilson Avenue, em Newark, em decorrência da agressividade de alguns clientes no local.

Robson, natural de Minas Gerais, vive há 32 anos nos EUA. Morador em Massachusetts, calcula que deve haver entre 50 e 60 remessas atrasadas, mas não revelou o montante, alegando ter sido instruído por seu advogado. “Eu causei o problema, porque sou o dono da empresa, mas estou tentando resolvê-lo”, disse ele.

“Eles podem ficar tranquilos, eu pagarei todos os clientes. Eu tenho três opções, mas escolhi deixar o meu negócio aberto”, acrescentando que na segunda-feira (24) havia quitado 25 remessas. “Essa palavra calote não existe no meu vocabulário”.

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