DA REDAÇÃO, com Brazilian Times – Depois de ser vítima de assaltos no Brasil e em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos, o empresário Josélio Pontes, de 46 anos, resolveu investir num negócio de semi-joias em Boca Raton (FL).
Josélio é dono de uma grande empresa de material de construção em João Pessoa (PB), sua cidade natal. Revoltado com a falta de segurança em João Pessoa, Josélio começou a pensar em mudar do país. Na época conhecia um outro paraibano que sempre vinha para os Estados Unidos, que frequentava a sua mesma igreja, e lhe ofereceu uma oportunidade de investimento por aqui: a compra de uma loja de semi-jóias em Boca Raton, por 90 mil dólares.
“No início desconfiei, porque sabia que tinha que investir 500 mil ou 1 milhão para se legalizar”, conta o empresário. Mas ele foi convencido pelo amigo de que também era possível se legalizar com investimentos menores.
“Eu concordei em vir aqui e olhar de perto o negócio. Vim em julho para conhecer o dono da loja, o Luís Carlos Magalhães. Ele falou que já tinha se legalizado através da empresa e que tinha recebido o visto L-1 (de empresário) e, depois, o green card”, relata.
Na ocasião ele aceitou a compra, mas fez uma proposta de pagar em 10 parcelas. “Eles me mostraram documentos da empresa. Imposto de renda com faturamento de mais de 1 milhão em 2013, e 900 mil em 2014. Ele me garantiu que eu tinha 90% de chance de ser aprovado”, afirma.
Josélio efetuou o primeiro pagamento de 9 mil dólares e voltou ao Brasil para buscar a família. Em agosto, com a esposa e os dois filhos de 13 e 14 anos, o paraibano fixou residência em Boca Raton. Para continuar as transações, o empresário teria pedido o pagamento de mais 3 parcelas de $9 mil para passar o contrato para o seu nome. “Eu concordei, para adiantar o processo. Também paguei $1 mil ao contador para fazer o contrato de compra e venda e mais $2,500 para o advogado fazer o processo do visto L1”, relata.
Josélio então assumiu a loja, contratou cinco funcionários para se adequar às normas de imigração, e foi quando começou a notar coisas estranhas. “Primeiro, a loja não tinha movimento nenhum. Eu não vendia nem 2,000 dólares por mês numa loja que supostamente faturava quase 100 mil dólares ao mês. E ele ia me pedindo mais dinheiro para poder concluir o processo. Eu cheguei a pagar mais $36 mil, num total de $72 mil para ele, quando comecei a questionar ele sobre o business e sobre o processo”, conta Josélio.
Nessa mesma época viu a sua loja à venda em um anúncio de facebook. “Quando fui discutir com Luis Carlos ele alegou que eu não tinha pago o montante todo e que isso era quebra de contrato. E que ele ia pegar a empresa de volta”, conta.
Assustado, Josélio recolheu todo o estoque da loja, fechou as portas e buscou ajuda legal para recuperar o prejuízo. Em dezembro veio a notícia que já desconfiava que receberia: a negativa do Departamento de Imigração sobre o seu processo, que não tinha consistência. Conforme relata, descobriu depois várias irregularidades no contrato de compra e venda e falhas no processo, por isso teve o caso negado.
A reportagem do AcheiUSA entrou em contato com Luís Carlos Magalhães por telefone e ele se limitou a informar que seu advogado está tomando todas as providências cabíveis e que tudo será esclarecido.
Visto L1
O visto L-1 permite que estrangeiros entrem nos Estados Unidos para abrir um escritório/filial de uma empresa internacional já estabelecida. O interessado deve ser um gerente, executivo ou empregado com conhecimento indispensável e ter trabalhado por pelo menos 1 ano na empresa solicitante (matriz).
De forma geral, como o Brasil não faz parte dos Tratados de Comércio com os Estados Unidos, as opções para a maioria dos brasileiros se limitam ao visto L-1 e EB-5. No entanto, alguns brasileiros com dupla nacionalidade podem se qualificar para o E-1 e E-2.