Ricardo César Guedes, o brasileiro que usou a identidade roubada de uma criança americana para morar e trabalhar nos EUA por mais de duas décadas, se declarou culpado na quinta-feira (21), em um Tribunal de Houston, no Texas. Ele foi condenado a um ano de prisão e irá se submeter a tratamento de saúde mental. Em seguida, será deportado para o Brasil.
O acordo judicial foi possível após o brasileiro admitir ter assumido a identidade de Willian Ericson Ladd – um menino de quatro anos de idade que morreu em um acidente de carro em Washington no ano 1979. Não se sabe exatamente como começou a farsa, mas segundo os investigadores, Guedes entrou nos EUA com seu nome verdadeiro e visto de turista em 1994 e 1996, e o primeiro passaporte americano em nome da criança falecida foi emitido em abril de 1998.
Ele foi preso em setembro do ano passado no George Bush Intercontinental Airport, quando se preparava para embarcar em um voo da United Airlines, onde trabalhava como comissário de bordo por 23 anos. O caso veio à tona em janeiro deste ano. Na companhia aérea, todos o conheciam como Willian Ladd.
As autoridades começaram a desconfiar da trama em 2020, quando o acusado casou-se com outro brasileiro e pediu a alteração do passaporte para incluir o sobrenome do marido. Ao iniciar uma investigação, os agentes descobriram os vínculos com o Brasil e localizaram a família do farsante em Recife. O passo seguinte foi consultar familiares da criança em Washington que confirmaram a morte do menino em 1979 e disse que nunca havia visto a pessoa que se passava por ele.
Durante o julgamento, o juiz George Hanks disse acreditar que Guedes estava arrependido por sua conduta e que ele era “um bom homem que cometeu um erro muito trágico para realizar seu sonho americano.” De acordo com o jornal local Houston Cronichle, o brasileiro falou que que queria muito se tornar comissário de bordo, mas foi rejeitado pelas companhias aéreas do Brasil porque não tinha boa aparência. Ele já cumpriu sete meses de prisão em regime fechado.