Ser psicólogo, especializado em Psicologia do Esporte e formado em Educação Física, certamente ajudou a consolidar a carreira de Marco Aurélio Feitosa. Mineiro de Belo Horizonte, ele integrou a seleção americana de kickboxing no Campeonato Panamericano da modalidade realizado no final de outubro em Cancún, no México, e pôde demonstrar sua resiliência chegando à final de sua categoria quando foi derrotado pelo campeão – o jovem promissor mexicano David Martínez.
A medalha de prata no Panamericano é o ápice de uma carreira que levou Marquinho, como é conhecido, a vários torneios e mostrou porque ele pode ser uma boa aquisição para a expansão e o aperfeiçoamento do kickboxing nos Estados Unidos, onde está pretendendo se radicar.
Vamos recapitular a história deste belorizontino de 35 anos que tem bastante experiência como atleta deste esporte. Aliás, ele é ainda mais categorizado como atleta de muay thai, conhecido como boxe tailandês. Tanto que chegou a morar neste país oriental em três oportunidades: 2004, 2011 e 2013. Ele explica que há pequenas diferenças de regras na prática do kickboxing e do muay thai, mas nada que impeça um atleta de uma modalidade disputar uma competição de outra modalidade. “O que muda basicamente são algumas regras de contato, porém, é só o atleta se conscientizar disto e tem condições de lutar uma ou outra”, explica Feitosa.
Essa versatilidade chamou a atenção do técnico americano de kickboxing que o convidou a integrar a equipe dos Estados Unidos no Campeonato Panamericano da modalidade no México. E ele não decepcionou. Para chegar à final, venceu as três lutas precedentes contra um chileno (nas oitavas de final), contra um colombiano (nas quartas de final) e contra um panamenho (nas semifinais). As duas primeiras foram vencidas por pontos e a última por nocaute provocado por uma certeira joelhada.
Entretanto, o esforço cobrou um preço. Ele estava sem disputar competições oficiais há dois anos e havia operado o joelho em 2012. Ao chegar à final, estava mancando e com poucas condições de enfrentar o adversário, considerado favorito para o título. “Passei dias de superação, meu corpo sentiu, mas aceitei o desafio e estou muito feliz por ter participado da luta principal. O técnico até havia me pedido para eu não entrar no ringue, mas na base da raça e com fé em Deus fui para a luta, mesmo sabendo que tinha poucas chances de vencer”, comenta Feitosa, que participou da categoria 63,5 kg (140 pounds).
Perdeu para uma estrela em ascensão
Além de suas precárias condições físicas, teve de enfrentar uma das estrelas em ascensão da modalidade: Diego Martínez, mexicano, de 22 anos de idade, e vice-campeão mundial no ano passado na Hungria. Ou seja, foi um combate desigual, no entanto, ele saboreou o prazer de ter disputado a final apesar das circunstâncias desfavoráveis. Mais do que isto. Transmitiu aos dirigentes da seleção americana de kickboxing ser um importante integrante no desenvolvimento de futuros atletas. Até porque ele também fez o curso de árbitro da modalidade e pode também dar instruções aos mais jovens sobre como se comportar no ringue de acordo com as regras. As lutas são disputadas em três rounds de três minutos.
Apadrinhado por Vitor Belfort, Feitosa admite que o treinamento intensivo feito na America Top Team, em Coconut Creek (FL), foi fundamental para ele recuperar a forma física e técnica. “Acho que é a melhor academia do mundo para atletas de lutas marciais”, afirma.
A bagagem adquirida é extremamente valiosa até mesmo pelo momento vivido pela modalidade. Nos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, previstos para serem realizados em Paris, o kickboxing participará como “esporte de teste”. Ou seja, a etapa final antes de ser incorporado como modalidade olímpica. Como possui várias categorias de diferentes pesos, as possibilidades de medalhas são enormes, o que contribui sobremaneira no quadro geral de medalhas dos países participantes do evento esportivo.