De acordo com informações da coluna “Direto de Miami” da jornalista Chris Delboni, Arnaldo, que mora no Brasil, veio passar a Páscoa com a esposa em Miami no apartamento da mãe, em Fisher Island, região nobre de Miami Beach. Na ocasião, Maura não estava em casa, pois chegaria de uma viagem à noite.
Enquanto aguardava a chegada da mãe, Arnaldo resolveu dar um passeio pelo condomínio de luxo, quando foi abordado por agentes do FBI e informado que Maura estava presa e que ele deveria acompanhá-los. No dia seguinte, ele foi levado à uma audiência perante um juiz, na qual estava Maura e seu ex-marido que Arnaldo não via há 8 anos. Durante a audiência, os três foram formalmente acusados de fraude no financiamento para crédito imobiliário. Também foram acusados Juan Gonzalez, ex-funcionário de um banco, Luis Sosa, empregado em uma empresa de celulares, e Evelyn Lara, notaria pública, que reconhecia as assinaturas nos documentos de financiamento bancário.
Apesar de Arnaldo ter provado que não tinha conhecimento do caso e que estava no Brasil na maior parte das datas em que os documentos foram assinados, a promotoria pública insistiu em mantê-lo preso até a data do julgamento. As autoridades alegaram que, uma vez liberado, ele poderia fugir para o Brasil. Ele relatou à jornalista que perdeu 15 quilos e foi obrigado a compartilhar a cela com “assassinos, estupradores e sequestradores”.
A vítima explicou que, antes de se divorciarem em 2008, Maura e Raul ganharam muito dinheiro juntos com fraudes no mercado imobiliário. O casal comprou várias propriedades, com empréstimos bancários. No esquema, eles utilizaram o nome de Arnaldo nas hipotecas e forjaram sua assinatura em vários documentos, além de falsificarem extratos bancários para comprovar renda, detalhou o advogado. Entre 2004 e 2007, dezenas de imóveis foram financiados dessa forma. Treze financiamentos estavam em nome de Arnaldo. Ele acrescentou que, durante uma visita ao Brasil, sua mãe o informou que tinha usado o seu nome em algumas transações, mas que tudo estava “resolvido”.
Desfecho
No final de agosto, o advogado de defesa do brasileiro, David Garvin, conseguiu que Arnaldo fosse julgado separadamente dos outros réus. Em setembro, Maura mudou seu depoimento, assumiu a culpa e confessou que o filho não tinha nenhum envolvimento no caso. Ela ouvirá sua sentença em 17 de dezembro e Raul em 8 de janeiro de 2016. Ele foi o último réu a assumir a culpa. Todos os envolvidos no esquema podem ser condenados a até 30 anos de prisão.
Ainda tentando provar sua inocência, Arnaldo tinha o seu julgamento marcado para 30 de novembro, mas, em 5 de outubro, o juiz autorizou a sua liberdade e ele foi liberado no dia seguinte, sem explicações.
“Me tiraram a corrente, abriram as portas e falaram: pode ir”, lembrou ele ao BT. Já em liberdade Arnaldo detalhou que entrou numa igreja no centro de Miami (FL). “Rezei, agradeci e fui procurar o advogado”.
Com o passar do tempo, todas as vezes que visitava a mãe nos EUA, Neto percebia que ela estava cada vez melhor de vida, entretanto, não desconfiava que algo ilegal pudesse estar acontecendo.
Apesar de tudo, Arnaldo diz que não guarda mágoas da mãe, mas que não esqueceu o sofrimento que passou na penitenciária na Flórida. “O procurador poderia ter feito um trabalho melhor, mas não o culpo. Culpo o meu ex-padrasto e minha mãe. Mas quero colocar tudo isso para trás, disse ele ao Estadão. “Quero que ela (Maura) tenha uma vida boa, só não quero contato, pois perdoar não é esquecer, seja feliz e cumpra a pena”.
O pai de Arnaldo vive no Brasil e luta contra um câncer. Ele disse que agora quer passar a maior parte do tempo possível com o pai, depois de ficar meses preso nos EUA por um crime que não havia cometido. Além disso, ele devolveu o seu green card (residência permanente) e permissão de trabalho, que o permitiria morar nos EUA.