Jovani Furlan deixou o Brasil aos 17 anos e aos 20 já é considerado uma promessa dentro da companhia americana
Joselina Reis
Jovani conta que assim que veio para os Estados Unidos pela primeira vez sua carreira começou a deslanchar rapidamente. “No ano de 2010 participei do International Ballet Competition em Jackson, Mississippi, onde o fundador e antigo diretor do Miami City Ballet, Edward Villella, estava presente e procurando por novos bailarinos. No fim da competição recebi a notícia de que ele gostaria de me oferecer uma bolsa integral para o Miami City Ballet School”, conta esse catarinense de Joinville.
Na companhia até hoje, sendo este seu primeiro e único emprego na carreira artística, Jovani lembra que tudo foi resultado de muito esforço e estudo. No Brasil, ele iniciou seus estudos de balé ainda criança na Escola do Teatro Bolshoi onde ficou por sete anos. Lá ele aproveitou tudo o que podia, estudou balé clássico, dança folclórica russa e brasileira, teatro, ginástica, piano, flauta doce, história da música e da dança, inglês e dança contemporânea.
“Minha dica para bailarinos iniciantes é que uma base forte desde o início vai fazer tudo mais fácil para ter uma carreira longa e feliz, fortalecimento, alinhamento e flexibilidade são cruciais na vida de todos os bailarinos e vão evitar muita dor de cabeça no futuro. Tudo o que o seus maestros tentam fazer você entender é importante e deve ser absorvido para te ajudar a criar uma boa técnica. A arte, musicalidade e sentimento vem de dentro”, revela o bailarino que agora faz parte do primeiro escalão do MCB.
A passagem de aprendiz até a inclusão de seu nome no corpo principal de bailarinos foi bem rápida. Ele se mudou para Miami no fim do ano de 2010 e iniciou os estudos com o Miami City Ballet School em janeiro de 2011. Já no mês seguinte, conta ele, foi convidado para participar de uma aula com a companhia e em março do mesmo ano fazia parte do elenco da turnê para Paris no verão de 2011. “Depois disso fui promovido para Company Apprentice no início de 2012 e em janeiro de 2013 fui efetivado como corpo de baile. Completei três anos em Miami agora e um ano como corpo de baile do MCB”, comemora.
A temporada 2012-2013 foi ótima para Jovani, mas é a temporada 2013-2014 que ele planeja brilhar ainda mais nos palcos com os outros bailarinos. Ele fez Cavalier, no Nutcracker e se prepara para viver um personagem central em Episodes, uma das peças dentro do Programa III. “Estou muito ansioso e animado para o Programa III onde farei o solo de Paul Taylor em Episodes e Tony em West Side Story Suite, são dois papéis que nunca imaginei que estaria fazendo”, conta.
West Side Story Suite se passa em New York nos anos 50 e mostra a rivalidade entre duas gangues, Jets (americanos) e Sharks (portorriquenhos). Bem ao estilo Romeu e Julieta, o personagem de Jovani vai se apaixonar pela irmã de um rival. Em Episodes ele vive Paul Taylor, o brasileiro é o terceiro bailarino a encarnar o papel criado por Balanchine. Por quase vinte anos nenhum outro bailarino havia sido escolhido para fazer esse solo de balé devido à dificuldade dos movimentos.
Mesmo com agenda lotada – a companhia faz em média 70 shows por ano – sem previsão de retorno ao Brasil e ainda tão jovem, Jovani faz planos para a aposentadoria como bailarino. “Meu objetivo como bailarino seria me tornar um Principal Dancer com o Miami City Ballet e passar minha carreira aqui, gosto muito do repertório e das pessoas dessa companhia, não tenho planos de sair por enquanto. Depois de me aposentar ainda não tenho certeza, gostaria de poder passar o que aprendi e vou aprender ao longo da minha carreira, não sei ao certo onde a vida vai me levar após o término da minha carreira como bailarino”, disse ele que viaja ao Brasil apenas nas férias e, mesmo assim, mantém a dança como atividade diária quando está em Joinville.