O brasileiro Sebastião Braga Neto, de 37 anos, foi diagnosticado com um tipo raro de leucemia em 2020. Os primeiros sintomas, segundo disse ele entrevista ao jornal OGlobo, foram dores fortes nas pernas que se intensificaram com o passar do tempo. Outro veredicto foi dado pelos médicos de Florianópolis: leucemia mieloide crônica (LMC), um tipo que acomete a medula óssea e se caracteriza pela multiplicação de glóbulos brancos deficientes. Após a quimioterapia, a doença foi aparetemente controlada, mas voltou pouco tempo depois. Um transplante foi indicado e, por sorte, a mãe de Sebastião era compatível e foi doadora. Novos exames mostraram que o câncer entrou em remissão e o corpo do paciente começou a se recuperar. Ele foi liberado do hospital e seguiu a vida.
Quase um ano depois, entretanto, o olho começou a inchar, um sintoma claro de retorno da doença. O câncer voltou ainda mais forte, com um tipo chamado de leucemia linfoide aguda (LLA). Os recursos de tratamento se esgotaram. O corpo estava muito fraco para fazer um novo transplante. “Me lembro do médico entrando no quarto e contando para nós e para os pais dele a verdade nua e crua: ele tinha meses de vida”, diz Thiago Amaral, marido do brasileiro.
A luz do fim do túnel veio de uma amiga de Sebastião entrou em contato com Vanderson Rocha, coordenador de terapia celular do Hospital Vila Nova Star e responsável pelas pesquisas com células CAR-T Cell no Hospital das Clínicas em São Paulo.
O médico do instituo paulista conhecia Marcos Lima, que é chefe do departamento de hematologia da universidade estadual de Ohio, nos EUA. Coincidentemente, Lima estava buscando pacientes com o tipo da doença de Sebastião, ou seja, com leucemia linfoide aguda (LLA), para participar do primeiro estudo clínico de CAR-T Cell triplo no mundo. No mesmo dia, Sebatião se inscreveu para participar do estudo e foi chamado. Três meses depois, ele estava recebendo três bolsas de plaquetas e duas de hemoglobina para poder pegar um avião de Santa Catarina com destino a Ohio, onde ele seria testado com a nova esperança do câncer.
O tratamento CAR-T Cell consiste em pegar essas células de defesa do paciente e modificá-las geneticamente, como se estivesse preparando-as para uma batalha e deixando-as ainda mais fortes, para quando retornar ao corpo do infectado, essas células tenham o único objetivo de encontrar e matar o câncer. Ou seja, o tratamento é personalizado. O custo incluindo internação pode chegar a milhões de dólares, mas por estar um processo experimental, não há custo para o brasileiro.
A expectativa é que dentro de um mês, quando fizer um novo exame de medula, a doença já tenha entrado em remissão e desapareça totalmente do sistema de Tião.
“Eu me sinto muito privilegiado. Para quem tinha apenas alguns meses, ganhar essa esperança, essa oportunidade única é quase como viver a vida adoidado. A vida é muito cara e a gente não tem tempo para perder. É isso que eu aprendi. Precisamos canalizar nossa energia, escolher nossas brigas, o tempo é muito precioso para perdermos com besteiras. Estou louco para viver novamente. Viajar, trabalhar, abraçar as pessoas, dizer que eu as amo. Quero apenas viver”, diz Tião. Com informações do OGlobo.