Histórico

Brasileiro é deportado depois de três meses em prisão

Alexsandro trabalhava na construção civil por 14 anos; voltou com $20 no bolso

Joselina Reis

O brasileiro Alexsandro Menezes, de 40 anos, foi deportado depois de passar três meses em um presídio para imigrantes indocumentados na Louisiana. Ele era morador em Destin, Flórida, quando foi pego dirigindo sem carteira de motorista. O caso parecia como tantos outros, se não tivesse acontecido meses após o governo afirmar que somente os casos de presos com crimes graves seriam deportados.

“Foi injusto o que fizeram com ele”, afirmou a esposa, a brasileira Célia Menezes, que ficou sozinha em Destin e agora planeja vender todos os equipamentos de trabalho do marido e partir para o Brasil. Alex trabalhava fazendo pequenos reparos e tinha até um funcionário.”Não quero levar nada daqui”, comentou.

Alexsandro chegou aos Estados Unidos há 14 anos vindo, como muitos, pela fronteira mexicana. Na época, conta Célia, ele se perdeu do grupo e por isso acabou se entregando aos oficiais de fronteira. Quando foi apresentado ao juiz assinou vários documentos sem saber ler em inglês e foi liberado. Somente este ano, ao ser preso novamente é que soube que tinha assinado a própria carta de deportação em 1999.

Ele e Célia, que também é indocumentada, aguardavam a tão sonhada reforma imigratória para tentarem a possibilidade de regularizar sua vida nos EUA.

Ao ser preso em Destin, Alexsandro foi levado para Louisiana onde ficou por quase três meses. Pelas regras, segundo a imigração em Louisiana, se o brasileiro completasse noventa dias preso ele teria que ser liberado para responder o caso em liberdade.

A brasileira lembra que os próprios agentes de imigração disseram que a deportação poderia ser revista, se o casal tivesse filhos americanos. Como não é o caso deles, Alex contou à esposa que os próprios agentes de imigração estavam tentando apressar o processo de deportação dele e de outros para que o prazo não vencesse e todos fossem deportados.

Na madrugada de terça-feira (30), cinco dias antes de vencer o prazo de noventa dias, Alexsandro foi acordado às 5am e levado para New York. O agente de imigração o acompanhou até o balcão de uma companhia aérea, fez o check-in com ele, entregou-lhe $20 e disse adeus. “Pelo menos ele não foi algemado até a porta do avião”, disse Célia com certo alívio. Depois de 14 anos trabalhando nos EUA, Alexsandro chegou à São Paulo sem bagagem e sem dinheiro para viajar para sua cidade natal, Governador Valadares.

“As pessoas precisam saber que o governo está deportando quem não tem crimes graves, sim”, desabafa Célia. Os dois planejam agora recomeçar no Brasil, assim que a brasileira conseguir vender os bens do casal. “Não vou esperar lei de imigração nenhuma. O governo fica nessa indecisão e ninguém sabe quando eles vão regularizar a gente, mesmo. Estou indo embora!”, finalizou.

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