DA REDAÇÃO, COM UOL – Um brasileiro em Miami, com empresa de exportação e importação de fachada, é um dos suspeitos de ter enviado os 60 fuzis de guerra avaliados em $1,5 milhão e apreendidos na quinta-feira (1º) no Rio de Janeiro. Ele seria o chefe da quadrilha e está sendo procurado pela polícia americana. Essa foi a maior apreensão de armamentos no Estado em dez anos e foram apreendidos fuzis – 45 AK-47, 14 AR-10 e um G3 novos.
“A polícia americana foi avisada e está tentando achá-lo. Ele tem uma empresa ‘demo oficial’ em Miami, de fachada”, disse o delegado Marcelo Martins, do Departamento de Polícia Especializada, DGPE.
A carga, que estava dentro de oito aquecedores de piscina, estava no Terminal de Carga do Galeão há cinco dias. Ela não passou pelo raio-x do aeroporto internacional e iria entrar na cidade, se não fosse a investigação da polícia.
“Nós não sabíamos que essa carga ia chegar, tínhamos a hipótese. Temos a investigação e parceiros no aeroporto, que nos chamaram para averiguar a carga”, afirmou o delgado Tiago Darigo, da delegacia de Roubo de Cargas.
Quatro pessoas foram presas: Luciano de Andrade Faria, dono de uma transportadora; o despachante Márcio Pereira; João Vítor da Silva Rosa, que seria o responsável por revender as armas no Brasil; e José Carlos dos Santos Lins.
Os fuzis, segundo os delegados, iriam para a Baixada Fluminense, mas não especificaram a localização. “Ainda não checamos os papéis disso, para quem iria, nomes de empresas. Foi rápido, fomos avisados hoje de manhã”, disse Darigo. “As investigações, aqui e no âmbito internacional, não param. Foi um golpe para eles, que perderam uma carga valiosa”.
Na entrevista coletiva onde apresentaram as armas e os aquecedores, os delegados anunciaram que vão pedir na Justiça que o armamento fique com a Polícia Civil. As investigações começaram há dois anos, com a morte de um policial militar em São Gonçalo, região metropolitana.
“Ele morreu com um tiro de pistola, mesma arma usada em um roubo de cargas. Começamos a investigar até chegar a conclusão que eram especializados em importação de armas”, explicou Darigo.
Trabalho de inteligência
O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, ressaltou o trabalho de inteligência da Polícia Civil. Ele lembrou que os fuzis são as armais mais usadas por traficantes. A apreensão dos 60 fuzis é a maior em dez anos no Rio e representa 43% de todos os fuzis apreendidos em 2017. Entre janeiro e abril, dado mais recente do ISP (Instituto de Segurança Pública), foram apreendidas 139 armas desse tipo no Estado. Em todo 2016, foram 371.
“Em 30 dias, 90 fuzis; em 150 dias, 250 fuzis [apreendidos] no Rio de Janeiro. É trivial isso? Algo tem de ser feito de diferente no país. Era um fuzil [apreendido] por dia, em 2017 está quase chegando a dois”, afirmou Sá.