Em virtude do feriadão de Thanksgiving, a coluna não pôde acompanhar os jogos decisivos da Copa do Brasil, que disputaram na quarta-feira (23) no Mineirão, em Belo Horizonte, a partida de ida entre Atlético Mineiro e Grêmio de Porto Alegre. O favoritismo recaía sobre o Galo, por jogar em casa, com mais de 50 mil torcedores incentivando o “Galão da Massa”. A ordem era construir uma boa diferença de gols para evitar sofrimento no jogo de volta, marcado para o dia 30 de novembro na Arena Grêmio, em Porto Alegre.
ϒ Grêmio possui time bem armado
Os dois times reúnem bons jogadores, porém o Tricolor dos Pampas tem uma equipe mais equilibrada. Além de um bom goleiro, Marcelo Grohe, há uma zaga mais homogênea, um meio de campo de qualidade, onde sobressaem o jovem Wallace e o veterano Douglas, e um ataque perigoso, com destaque para Luan, que compôs um ataque eficaz ao lado de Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus na conquista da medalha de ouro de futebol olímpico no Rio de Janeiro. No banco, o imprevisível Renato Gaúcho, ídolo gremista, que troca os estudos táticos pelo papo de boleiro para se relacionar com seus jogadores. O Grêmio deve apostar suas fichas na conquista da Copa do Brasil porque está em 8º lugar no Campeonato Brasileiro e tem poucas posssibilidades de ficar no G6, apesar do dois jogos ganháveis nas duas ú;timas rodadas: o rebaixado Santa Cruz, no Recife, e o Botafogo, em casa.
ϒ Atlético-MG conta com Marcelo Oliveira
O Galo tem seu grande trunfo no banco. O técnico Marcelo Oliveira constitui-se em um fenômeno em termos de Copa do Brasil. Esta é sua quinta final de CB. Esta é sua quinta final em seis anos. Foi vice-campeão com Vasco da Gama, Coritiba (duas vezes) e Palmeiras no ano passado, quando perdeu a virgindade e soltou o grito de campeão. Agora, quer repetir a dose com o Alvinegro das Alterosas, aliás, seu time do coração e onde ele atuou muito tempo como meia-atacante. O Galo, no entanto, não tem apenas o treinador como seu ponto forte. Além de um grande goleiro, Victor, o time tem um meio campo e um ataque bastante eficiente. Tanto que é a equipe com o ataque mais positivo do Brasileirão 2016, com 60 gols marcados. Entretanto, as lesões dos titulares da zaga tornou a defesa mais vulnerável e vem sendo o calcanhar de Aquiles da equipe mineira. O objetivo de vencer a Copa do Brasil é garantir vaga direta na Copa Libertadores da América 2017, além de faturar mais um título e uma premiação melhor. De qualquer forma, o time de Belo Horizonte já garantiu presença na maior competição do subcontinente, pelo menos, na fase de Pré-Libertadores. Ainda restam dois jogos para encerrar sua participação no Brasileirão 2016: São Paulo, em casa, e Chapecoense, em Chapecó.
ϒ Palmeiras, (quase) campeão!
A Chapecoense será novamente protagonista neste domingo, 27 de novembro. Ela será a adversária do Palmeiras, virtual campeão brasileiro de 2016. O Alviverde paulista está com nove dedos na taça, como se diz na gíria futebolística. Afinal, a situação não poderia ser mais confortável. O Verdão tem 74 pontos ganhos e 22 vitórias, com 59 gols marcados e 31 sofridos, totalizando um saldo de 28 gols a favor. Seu único perseguidor é o Santos, que está com 68 pontos ganhos e 21 vitórias, com 58 gols marcados e 33 sofridos, totalizando um saldo de 25 gols a favor. O Alvinegro praiano só conquistará o título se derrotar o Flamengo, no Maracanã, neste domingo, e o América Mineiro, em Santos, na última rodada. Derrotar o lanterninha do certame é tarefa fácil, apesar de o Peixe ter perdido para o Coelho em Belo Horizonte no primeiro turno, porém, bater o Mengo no Maracanã é dureza. O Rubro-Negro carioca disputa com o próprio Santos o vice-campeonato e vai querer se despedir de sua torcida com uma vitória para apagar a má impressão deixada nas últimas rodadas quando negou fogo. Além de bater o clube paulista, o Flamengo terá de derrotar o Atlético Paranaense, em Curitiba, para garantir o segundo lugar do Brasileirão 2016.
ϒ Só um pontinho para gritar “É Campeão!”
Enquanto o Santos precisa ter atuações impecáveis, ao Palmeiras basta um empate para a torcida alviverde soltar o grito de campeão, após 22 anos se conquistar o mais importante campeonato nacional. Segundo os palmeirenses, este será o eneacampeonato do clube que mais conquistou títulos no futebol brasileiro. Segundo os adversários, este será o pentacampeonato. Aqui, cabe uma explicação. O Campeonato Brasileiro, nos moldes como é disputado, começou oficialmente em 1971. O primeiro campeão foi o Atlético-MG, dirigido por Telê Santana e que tinha em sua formação Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair (Cincunegui); Vanderlei Paiva e Humberto Ramos; Lôla (Spencer), Ronaldo, Tião (Romeu / Beto) e Dario. Depois disto, o Palmeiras foi bicampeão com a segunda academia, que tinha como técnico Osvaldo Brandão, e era formada por Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu, Ademir da Guia e Leivinha (Ronaldo); Edu Bala, César Maluco e Nei. Na década de 90, com a vinda da Parmalat, outro esquadrão palmeirense conquistou o bicampeonato, tendo Vanderlei Luxemburgo como técnico. Os craques eram Sérgio (Velloso); Mazinho, Antonio Carlos, Cléber (Tonhão) e Roberto Carlos; César Sampaio, Daniel Frasson (Flávio Conceição), Edílson (Rivaldo) e Zinho; Edmundo e Evair. Entretanto, antes dessas conquistas, na deçada de 1960, Santos e Palmeiras possuíam excelentes equipes e venceram torneios como Roberto Gomes Pedrosa e Taça Brasil, que correspondiam à época ao atual Campeonato Brasileiro. Diante das evidências, a CBF decidiu homologar os títulos conquistados naquele tempo e as duas equipes unificaram os títulos nacionais. Assim, o Palmeiras já conquistou oito títulos brasileiros e, com este que está para vir, passará a ser eneacampeão.
ϒ Cuca, o artífice da conquista
Dizem que técnico não ganha jogos, quem vence são os atletas. O próprio Muricy Ramalho, técnico tricampeão nacional com o São Paulo e uma vez com o Fluminense, é autor de uma frase marcante: “Técnico tem apenas 20% de responsabilidade nas vitórias. Os jogadores é que garantem os restantes 80%”. Pois bem, esta máxima foi desafiada este ano pela maneira como Cuca vem dirigindo o Palmeiras em 2016. Ao assumir o cargo, após a dispensa de Marcelo Oliveira, ele foi taxativo: “O Palmeiras será o campeão nacional!” Não faltaram críticas e ironias à sua declaração. Mais tarde, ele contemporizou, dizendo que aquilo foi um tipo de injeção moral em seus comandados para que reagissem depois de terem sido eliminados na Copa Libertadores da América 2016, ainda na fase de grupos. Pode ser. Porém, é inegável o controle que ele tem sobre sua equipe, que reúne mais de 30 jogadores. Embora tenha uma equipe base definida, ele sabe usar as peças de acordo com o adversário e com o estilo de jogo que deseja imprimir. Isto, além de confundir os adversários, mantém o espírito de competitividade dos atletas e evita acomodações porque todos sabem que ninguém tem lugar garantido.
ϒ Internacional, tristeza e decepção
Como palmeirense, sou obrigado a aguentar gozações dos adversários porque meu time foi rebaixado duas vezes para a Série B. Também Corinthians, Grêmio, Atlético Mineiro, Fluminense e Botafogo tiveram de jogar divisões inferiors, mas voltaram e continuam fortes. Tanto que a maioria deles já venceu títulos importantes, após a queda. Este ano, parece que o Internacional de Porto Alegre, time de tantas tradições, deverá disputar a Série B. o Colorado gaúcho precisará de um milagre para se manter na Série A. Para isto, precisa vencer o Cruzeiro neste domingo no Beira Rio e derrotar o Fluminense no Rio de Janeiro, na última rodada. O problema é que o Vitória, seu adversário mais direto, tem três pontos de vantagem, uma vitória a mais (11×10), e saldo negativo de 2 gols, enquanto o Inter possui um saldo negativo de 7 gols. Para complicar a situação, o time de Salvador enfrentará o Coritiba na capital do Paraná neste domingo e encerrará sua participação contra o Palmeiras na capital baiana. Ou seja, enfrentará duas equipes sem aspirações no campeonato. O Coxa pode, no máximo, sonhar com a Copa Sul-Americana, enquanto o Verdão deverá fazer o jogo das faixas de campeão. Uma vitória do time baiano em um dos jogos praticamente rebaixa o Inter. Há, ainda, uma pequena possibilidade de o Sport Club do Recife cair, mas as possibilidades são diminutas. O Leão jogará este domingo em Belo Horizonte com o lanterna América-MG e fechará o torneio enfrentando o Figueirense na Ilha do Retiro, duas equipes já rebaixadas.
ϒ Pênalti inexistente e responsável pelo rebaixamento?
Na última partida do Internacional pelo Brasileirão 2016, diretoria, jogadores e comissão técnica reclamaram para valer do pênalti cometido por Ernando no atacante corintiano Romero. Realmente, o árbitro marcou um pênalti bastante duvidoso a favor do Alvinegro paulista no Itaquerão. Marlone foi o encarregado da cobrança, bateu bem e decretou o resultado final: 1 a 0 para Corinthians. Embora a penalidade máxima tenha sido bastante discutível (particularmente, não teria assinalado), a tentativa dos dirigentes colorados em transferir para a arbitragem a responsabilidade pela má situação do clube no Campeonato Brasileiro é pífia. O presidente Vittorio Piffero, sem trocadilho, e o director de futebol Fernando Carvalho fizeram direitinho a lição de casa para a equipe ser rebaixada. Começaram a competição com Argel Fucks como técnico. Iludidos com a conquista de mais um Campeonato Gaúcho, o time até largou bem, mas foi perdendo gás durante a competição. Então, o que fizeram os “cartolas gênios”? Trocaram de treinador. Chamaram Paulo Roberto Falcão para seu lugar. Um mês depois e sem nenhuma vitória dispensaram um dos maiores ídolos do clube. Celso Roth é a solução, imaginaram. Como o time não reagia, decidiram demitir Roth a três rodadas e contrataram Lisca, que também estreou com derrota. Talvez seja mesmo melhor a equipe ser rebaixada para haver uma reestruturação e voltar mais forte para o seu devido lugar: Série A. Pelo que tudo indica, será menos uma torcida a provocar os adversários dizendo que time grande não cai. Cai, sim, mas se levanta com a força de sua torcida e de suas tradições!