A brasileira Mariana* (nome trocado a pedido da entrevistada) passou por maus bocados nas mãos de agentes do U.S. Customs and Border Protection (CBP) no aeroporto de Los Angeles em maio passado, quando ela fez escala e seguiria para o Havaí, onde encontraria uma amiga de longa data. Em entrevista ao AcheiUSA, Mariana contou que tinha planos de passar três meses no Havaí e chegou a mostrar a passagem de volta aos agentes. Ela já tinha visitado os Estados Unidos duas vezes.
“Tenho uma amiga americana que me convidou para passar três meses no Havaí, onde eu poderia estudar inglês e ajudar a sua cunhada a cuidar de seis filhos. Eu me planejei para a viagem e fui. Eu realmente não tinha intenção de ficar morando nos EUA, sou casada e tenho dois filhos’, disse.
A brasileira contou que ao chegar no primeiro guichê ela falou logo de cara que pretendia ficar por três meses, daí o agente perguntou quanto ela estava levando, já que no Havaí era tudo muito caro. “Falei que estava levando mil dólares e o cartão de crédito. Ele então me mandou para um outro guichê e um agente extremamente grosseiro passou a me pressionar, perguntando porque eu estava deixando meu marido e meus filhos para trás. Fiquei tão nervosa que comecei a passar mal, ele então me mandou tomar água e fui conduzida à salinha”, relatou Mariana, que passou quatro horas no local.
“Eles refizeram as mesmas perguntas, pediram meu celular e revistaram tudo: Whatsapp, Facebook, Messenger, e-mail, tudo que tinha no meu telefone”. Segundo Mariana, uma funcionária da American Airlines ajudou na tradução do português para o inglês. “Eles liam as informações no meu telefone e me perguntavam o que era, mas não me deixavam explicar nada, eu tentei”.
A brasileira relata que depois de ter sido muito pressionada, eles disseram que ela estava com o visto errado e que não seria permitida sua entrada nos Estados Unidos. “Eu então passei por uma revista rigorosa, até nas partes íntimas, como se eu fosse uma criminosa. Foi uma experiência traumática, que só agora consigo falar sobre”.
Mariana foi mandada no voo de volta para São Paulo e seu seguro viagem cobriu as despesas. O visto foi riscado no passaporte e revogado. Ela foi escoltada até o avião e só teve acesso ao seu passaporte
Com a palavra, o advogado
De acordo com o advogado especializado em imigração, Ludo Gardini, no caso de Mariana, muito provavelmente eles pensaram que ela iria trabalhar, por estar portando apenas $1 mil para ficar no Havaí por três meses e também por ter dito que ajudaria a cuidar de seis crianças. “Neste caso, ela teria que portar um outro tipo de visto, que não é o de turismo. Visto de turismo é para fazer turismo, não pode trabalhar, nem estudar”, enfatiza o advogado.
Gardini afirma que ela teve o pedido de admissão no País retirado e neste caso ela pode tentar solicitar um novo visto seis meses depois do ocorrido. Caso ela tivesse sido deportada sumariamente, ela só poderia tentar outro visto depois de cinco anos.