Menos de uma semana depois de um juiz de Chicago libertar o filho da brasileira Lídia Karina Souza – Diogo de nove anos estava em um abrigo para menores na cidade e os dois estavam separados por 28 dias – a brasileira Sirley Silveira Paixão, de 30 anos, está passando pelo mesmo martírio.
Sirley tentou entrar pela fronteira dos EUA com o México com o filho no dia 24 de maio pelo conhecido ‘cai cai’, em que imigrantes tentam a sorte e, caso sejam detidos, aguardam audiência no Tribunal e acabam ficando no País ilegalmente. O problema é que, com a política de tolerância zero implementada (e já revogada) por Trump desde abril – em que 2,3 mil crianças foram separadas dos pais e responsáveis – os pais eram detidos em prisões federais e obrigatoriamente colocados em lugares diferentes das crianças. Ela está em Massachusetts e o filho no abrigo em Chicago.
“Viajei para os Estados Unidos com meu filho de 10 anos e no dia 24 de maio infelizmente fomos separados na imigração. Paguei pelo meu crime, fiquei presa em uma cadeia federal, mas não sabia para onde tinham levado meu filho. Fui liberada no dia 13 de junho e no dia 14 de junho foi a primeira vez que consegui falar com ele pelo telefone e descobri que ele está em Chicago. Posso falar com ele somente duas vezes por semana. Está sendo muito difícil para mim ficar com essa dor em meu peito”, escreveu Sirley em uma página no Facebook em que pede ajuda para arrecadar fundos. “Estou pedindo essa ajuda, pois preciso me mudar, estou em casa de amigos, preciso alugar um apartamento para receber o meu filho. Como acabei de chegar, não tenho condições de pagar o aluguel de imediato. Quero muito meu filho de volta, dói muito tudo isso”, relatou Sirley.
Advogado tenta liberação do menino
O advogado de Sirley, Jesse Bless, entrou com um processo no Tribunal Distrital em Chicago nesta segunda-feira, informou a agência de notícias “Associated Press”.
“Tem 37 dias que não vejo meu filho e isso é desumano, porque eu não tenho liberdade nem de falar com ele pelo telefone. Todas as ligações são monitoradas. Meu filho não fala sozinho comigo”, disse em uma manifestação contra a separação de famílias, em Boston no último sábado.
Bless também atendeu o caso de Lidia Karina Souza e seu filho, de 9 anos, que voltaram a se ver na última quinta-feira (28), depois de quase um mês. O advogado acreditava que com a permissão conquistada por Lidia, a segunda mãe brasileira também fosse ser atendida após um primeiro pedido. Ele alega que a separação de mãe e filho é inconstitucional. Na ação, frisa que Sirley preencheu os documentos corretamente. Além disso, o jornal “Boston Herald” informou que a imigrante admitiu culpa em um tribunal federal por ter entrado no país ilegalmente.