Da Redação com Folha de S. Paulo – A brasileira paulista Deiseane Santiago, 22, conseguiu autorização para permanecer no Reino Unido por estar grávida e argumentar que teme o zika vírus. Ela teve o pedido de extensão do visto inicialmente negado, mas recorreu e conseguiu evitar a deportação. A doença provocada pelo vírus pode causar microcefalia e outras alterações cerebrais em bebês.
O governo britânico voltou atrás e decidiu autorizar a brasileira a ficar no país de “forma excepcional” até o dia 31 de outubro, um mês depois do nascimento do bebê. O parto está previsto para setembro.
“Eu me sinto aliviada. Agora meu filho poderá nascer num ambiente seguro”, disse a brasileira ao jornal “Leicester Mercury”.
A notícia repercutiu na mídia britânica, que já havia noticiado no mês passado o risco de deportação da brasileira.
Há três anos e meio, Deiseane conheceu o britânico Simon Ellis, 26, pela internet. O relacionamento virou namoro e ela veio visitá-lo em novembro do ano passado em Leicestershire, na Inglaterra.
A brasileira tinha um visto válido por cinco meses. Com medo da zika, o casal adiou a mudança para o Brasil para depois do parto e pediu a extensão do visto até novembro, com base num atestado médico que alertava para os riscos da viagem.
O pedido foi negado e Deiseane recebeu um comunicado de que poderia ser deportada a qualquer momento.
Carta do Departamento de Imigração inicialmente reconheceu que mulheres grávidas deveriam evitar países com “transmissão ativa de zika” como o Brasil, mas alegou que a recomendação valia apenas para “cidadãs britânicas viajando a países afetados”. O casal recorreu, depois de classificar a decisão do governo britânico de “racista e discriminatória”.
Depois de saber que o recurso tinha sido acatado, o pai do bebê disse que tirou um peso enorme dos próprios ombros. “Eu estava tão preocupado, agora podemos cuidar do nascimento do meu filho”. Deiseane e Simon ficaram noivos há dez semanas e pretendem passar uma temporada no Brasil.
O Reino Unido tem fechado o cerco a imigrantes ilegais. Nesta semana, uma rede de hamburguerias teve 35 de funcionários detidos pela imigração, entre eles brasileiros, por estarem trabalhando ilegalmente no país. A empresa teria convocado funcionários para um treinamento, mas, na verdade, tratava-se de uma batida policial.