Acrobata Noara Mello garante que foi ‘incrivel’. Filme estreia esse fim de semana nos EUA
“O grande desafio de trabalhar no Cirque é a adaptação. Existe uma grande demanda de shows e treinos. São 470 shows por ano. Por isso, manter a forma física e mental é prioridade.” Noara Mello
Da redação com Uol – A acrobata Noara Mello, 30, é filha de uma dupla de palhaços paulistanos, e quando criança seu sonho era ser veterinária, mas a vida mostrou mais uma vez que “filho de peixe, peixinho é”. A influência dos pais e a atração pelos trapézios fizeram com que ela seguisse a carreira circense, o que décadas mais tarde a inspirou a cruzar o continente para se tornar uma das artistas do Cirque du Soleil na cidade de Las Vegas.
Mas o começo não foi fácil e ela precisou ser persistente. “Já tinha passado por uma avaliação deles em São Paulo, era um sonho para mim. Mas como a cidade é grande e tinha muita gente, não passei. Foi quando decidi ir para Las Vegas tentar a sorte em alguns testes”, conta a acrobata, que não só passou como atualmente é uma das artistas do longa “Worlds Away”, produção 3D de James Cameron que estreia no Brasil em fevereiro. A trama do filme reúne temas dos sete espetáculos residentes na cidade de Nevada: “O”, “Mystére”, “Beatles Love”, “Ká”, “Believe”, “Zumanity” e “Viva Elvis”.
Sobre o trabalho com o diretor hollywoodiano, Noara diz que foi tudo “incrível”. “A equipe de filmagem e todos nós do Cirque estávamos muito entusiasmados com a mistura de linguagens entre Cirque du Soleil e o cinema 3D”, comentou. “O James Cameron é muito perfeccionista e sempre vai atrás do resultado que procura, ele tem um conhecimento muito amplo do assunto e sabe que é possível estar um passo além. Ao mesmo tempo, manteve uma relação próxima e agradável com a equipe por mais ocupado que estivesse.
As gravações do filme, realizadas há dois anos, se dividiram em sete teatros de hotéis famosos na cidade. Noara faz parte da equipe de 85 pessoas de 25 diferentes nacionalidades em “O”, espetáculo aquático exibido no teatro do hotel Bellagio e que há 14 anos tem seus ingressos de segunda a segunda esgotados. “O grande desafio de trabalhar no Cirque é a adaptação. Existe uma grande demanda de shows e treinos. Só de residentes são 470 shows por ano. Por isso, manter a forma física e mental é prioridade”, explica a artista.
Noara diz que a diferença entre ser acrobata no Brasil e nos Estados Unidos é o improviso. “No Brasil, eu estava sempre me moldando e adaptando ao que era necessário, existia um companheirismo incrível. Na criação de um show todos fazem tudo, desde ensaiar os números, planejar o roteiro do show, montar a estrutura até costurar os figurinos”, revela.
Já no Cirque, Noara só precisa descer ao subsolo do hotel, protegido com chaves, e passar pelas salas de figurinos e maquiagem para conseguir tudo o que precisa para subir ao palco. “Tudo funciona como uma grande engrenagem, o Cirque providencia uma estrutura para artistas de todo o mundo se adaptarem ao padrão da companhia”.
A única coisa que Noara não revela sobre a companhia é o salário. “Isso é muito relativo, recebemos por temporada”, desvia a acrobata, que atualmente investe em um curso de nutrição. “A carreira de acrobata acaba muito cedo, não sei se daqui a dez anos conseguirei fazer o que faço agora. Acrobacia envolve muito a resistência do corpo. Meu objetivo é estudar e me especializar em áreas fora dos palcos, mas ainda relacionadas ao circo e teatro”.