O corpo da brasileira Lenilda dos Santos, de 49 anos, foi encontrado pelos agentes da Patrulha da Fronteira nesta quinta-feira (16), em uma área desértica ao sul da cidade de Deming, no condado de Luna, estado do Novo México.
Ela era natural de Vale do Paraíso, em Rondônia, onde trabalhava como técnica de enfermagem.
Segundo os oficiais, Lenilda estava em um grupo de quatro pessoas, todos do Brasil, que tentavam cruzar ilegalmente a fronteira para entrar nos EUA.
Os agentes não divulgaram informações sobre o restante do grupo, mas mensagens recuperadas do celular da brasileira revelaram que ela foi deixada para trás após não resistir às dificuldades da travessia pelo deserto.
O capitão Michael Brow, do Luna County Sheriff’s Office, disse ao jornal Deming Headlight que após horas caminhando sob muito calor e já sem água, ela não aguentou e se separou dos colegas, que prometeram voltar para resgatá-la.
A mulher morreu de sede e cansaço a 400 metros de distância de uma residência. “Esta é uma das situações mais tristes que já vi”, declarou o capitão.
Relatos da polícia informaram também que Lenilda ligou para parentes em Massachusetts dizendo que estava sozinha, sem água nem comida e, apesar de temer pela própria vida, acreditava que os companheiros de travessia voltariam para resgatá-la.
A última troca de mensagens foi na terça-feira às 3:37 p.m., quando ela compartilhou sua localização e escreveu: ‘Podem ficar tranquilos que eles virão me buscar’.
O esperado resgate, entretanto, não aconteceu, e os familiares se desesperaram após Lenilda parar de visualizar e responder mensagens.
Eles começaram a acionar os conterrâneos que moram nos EUA em busca de ajuda. Kleber Vilanova, uma das pessoas contactadas que reside em Ohio e atua na área de imigração, disse ao jornal OGlobo que os amigos de Lenilda não tentaram socorrê-la por medo de serem presos.
Foi ele quem acionou o Border Patrol para avisar sobre o desaparecimento.
“As pessoas com quem ela estava viajando pensaram nelas próprias”, disse ele ao OGlobo. “Ela começou a ficar desidratada, a passar muito mal e não conseguiu continuar. O que aconteceu foi que os supostos amigos dela, junto com o coiote, simplesmente a abandonaram lá. Ela ficou sozinha no meio do deserto, e eles seguiram em frente”, completou.
O capitão Michael Brow declarou que teve dificuldades em localizar o corpo, pois ela usava roupas camufladas para dificultar a visão da polícia.
Lenilda tinha duas filhas e estava em busca de uma nova vida nos EUA.