A curitibana Karoline Machado está tentando recuperar a guarda dos dois filhos menores, de 10 e 12 anos, após seu ex-marido ter fugido com as crianças do Brasil para a Flórida.
A disputa dura mais de um ano e mobiliza autoridades brasileiras e americanas. Karoline acusa o pai dos meninos, Leonel Alberto José Quintana, de ter falsificado sua assinatura em um documento de autorização de viagem internacional para embarcar as crianças.
O casal se separou há 9 anos e mantém a guarda compartilhada dos pequenos.
Em conversa com o AcheiUSA, a mãe disse que a última vez que falou com os filhos foi no final de 2019.
Pouco antes disso, Leonel teria tentado convencê-la a assinar uma autorização de viagem para trazer as crianças para a Disney World, em Orlando.
“Eu não deixei porque ele já tinha falado para alguns amigos que queria morar nos EUA”, disse.
Ela contou que o pai chegou a processá-la para que assinasse a autorização.
“O juiz me convocou para perguntar porque eu não autorizava, aí eu falei pra ele que eu sabia que se meus filhos fizessem essa viagem eu nunca mais os veria”.
A única saída encontrada por Leonel foi fabricar uma autorização falsa.
O advogado de Karoline no Brasil, dr. Vinicius Cechinel, disse que a assinatura que consta no documento de viagem usado por Leonel é diferente do documento de identidade da curitibana.
Além disso, o advogado explicou que a mãe foi submetida a teste grafológico perante a Polícia Federal, que pediu o indiciamento do pai por uso de documento falso.
“Não se sabe ao certo quem falsificou a assinatura. O que se sabe é que a autorização com sua assinatura falsa foi utilizada para retirar os menores do Brasil irregularmente”, afirmou Cechinel.
Casa vazia
Karoline só constatou o sumiço das crianças três dias após eles terem ido passar um final com o pai. Ela foi até o local buscar os filhos e encontrou a casa vazia.
“Cheguei lá e não tinha nada dos meus filhos, parecia que nunca tinha habitado uma criança lá”, disse.
A Polícia Federal entrou no caso dez dias após ser constatado o sumiço dos três. Durante esse tempo, Karoline disse que sabia que o pai os havia levado para os EUA, mas não tinha certeza como ele tinha feito para tirá-los do Brasil sem sua permissão.
“Eu vivi um drama de dez dias, eu achava que meus filhos tinham sido levados pelo México. O juiz negou a autorização, então eu acreditei que ele tivesse feito a loucura de ir pelo México e eu chorava todos os dias”, disse a mãe.
Cooperação Brasil e EUA
A Polícia Federal descobriu que o pai e as crianças saíram pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), e reconhece que houve falha no controle imigratório do aeroporto, que permitiu o embarque dos menores com documento de autorização ilegítimo.
“A autorização apresentada só conta com o reconhecimento oficial de firma da assinatura do pai, impresso no selo do tabelionato. O carimbo, de fácil confecção, ao lado da assinatura materna, pode ter sido colocado só depois”, avalia o advogado Vinicius Cechinel.
Baseado na Convenção Internacional de Haia que trata do sequestro de menores, a justiça brasileira enviou pedido de cooperação aos EUA para ajudar na localização da família.
No dia 13 de novembro de 2020, o Tribunal Federal de Orlando, na Flórida, emitiu uma ordem exigindo que Leonel se apresente à justiça. Mas ele não foi encontrado.
O dr. Kurt E. Alexander, um advogado americano que atua na Flórida, passou a ajudar no processo e divulgou, recentemente, a um canal de televisão do Brasil, imagens de Leonel e as crianças em uma atividades na Primeira Igreja Batista da Flórida (Pib-Flórida), em Pompano Beach.
O AcheiUSA entrou em contato com o pastor substituto da igreja que disse “não conhecer Leonel”, mas soube que ele frequentou o local por algum tempo. A instituição divulgou uma nota sobre o assunto.
Segundo Vinicius Cechinel, considerando as pistas do atual paradeiro das crianças, um novo pedido de apresentação à justiça americana já foi realizado e, caso o descumpra, mais uma vez, uma ordem imediata de busca e apreensão poderá ser expedida.
Entre os crimes que Leonel pode eventualmente responder estão: falsificação ou uso de documento falso; subtração de menores; envio de criança ou adolescente ao exterior; e alienação parental.
Assinatura supostamente falsificada no documento de viagem