Líder das Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo Fifa Rússia 2018, a Seleção Brasileira vai se dar ao luxo de treinar para alcançar seu melhor desempenho. A saída de Dunga e a chegada de Tite ao comando da Verde-Amarela foi um divisor de águas para a equipe – tanto que somou seis vitórias consecutivas em seis partidas, contrastando com o início vacilante quando havia conquistado apenas 15 pontos em oito partidas, fruto de quatro vitórias, três empates e uma derrota. Agora, o escrete canarinho navega em águas calmas liderando as Eliminatórias com 33 pontos e matameticamente não mais pode ser alcançado pelo Equador que tem 20 pontos e é a primeira seleção sul-americana fora da zona de classificação.
Adversários andinos
Vale destacar que a coluna foi escrita antes da partida contra o próprio Equador, realizada na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, uma vez que a tabela previa a rodada na quinta-feira (31), exatamente dia da semana em que AcheiUSA vai para a gráfica. Portanto, comentar a partida seria um exercício de futurologia, porém, é inegável o favoritismo do Brasil diante dos equatorianos. Na próxima terça-feira (5), o Brasil vai a Barranquila enfrentar a Colômbia que briga para assegurar sua vaga entre as cinco melhores seleções do subcontinente. De acordo com os critérios, as quatro primeiras colocadas carimbam seus passaportes para a Rússia, enquanto a quinta colocada terá de participar de uma repescagem com a campeã da Oceania (provavelmente a Nova Zelândia) e dificilmente a seleção sul-americana deixará de ser a vencedora, pois o nível futebolístico dos países da América do Sul está bem acima do esforçado futebol praticado na terra do rugby.
Fator Tite
Se Tite já gozava de bastante prestígio após ter levado o Corinthians a conquistas valiosas para o clube como a Copa Libertadores da América e Mundial Interclubes, está ainda muito mais valorizado com a ótima campanha do Brasil nesta fase. O que todos se perguntam é: como ele conseguiu transformar um bando de jogadores talentosos em uma equipe de futebol compacta e bem organizada que sabe atacar e defender com eficiência? São várias as teorias, porém, uma delas parece a mais lógica. Ele tem o dom de administrar egos (algo muito presente em craques milionários) e sobretudo sabe como dialogar com seus comandados, até porque na sua lista de convocados houve poucas mudanças em relação aos nomes que vinham sendo convocados por seu antecessor. A grande surpresa foi a ascensão meteórica de Gabriel Jesus que em um ano passou de uma promessa potencial para uma realidade, ao se tornar o centro-avante titular e vice-artilheiro da Seleção Brasileira com cinco gols, um apenas atrás de Neymar, o craque do time, tendo disputado apenas seis jogos. Enfim, Tite é uma unanimidade nacional e conseguiu até quebrar a antipatia e a indiferença que os torcedores brasileiros dedicavam à sua seleção.
Por que os torcedores haviam virado as costas para a Seleção?
A Seleção Brasileira de Futebol Masculino é um fenômeno a ser estudado. Respeitada e admirada pelos estrangeiros, passou a ser desprezada pelos torcedores brasileiros. Sem nenhum estudo sociológico que suporte a tese, o principal fator que provocou o afastamento entre torcida e equipe foi o mercantilismo que tomou conta do futebol. Antigamente, era interessante ver as discussões dos torcedores sobre quem deveria ser convocado, cada qual defendendo os atletas de seu clube do coração. No final, apesar das dissensões, todos se uniam em torno da Seleção Brasileira e torciam por seu sucesso. Era tempo do “Pra Frente Brasil / Do Meu Coração / Todos Juntos Vamos / Salve a Seleção”. Até mesmo os guerrilheiros de esquerda que enfrentaram a ditadura militar admitiram mais tarde que era difícil torcer contra aquela equipe maravilhosa de 1970 que conquistou a Copa do Mundo no México com 100% de aproveitamento. Eles inclusive acusavam o regime militar de usar o futebol como ferramenta de propaganda política a seu favor para anestesiar o povo. Mas nem mesmo eles conseguiam resistir às jogadas fantásticas de Pelé & Cia. Ainda por cima, o general de plantão naquele período era Emilio Garrastazu Medicis, um fanático por futebol que, segundo a lenda, interferiu na convocação de Dario Peito de Aço – o Dadá Maravilha – por ser fã de seu futebol.
Clubes estão acima da Seleção
O sucesso dos futebolistas brasileiros rompeu as fronteiras e nosso “pé de obra” foi exportado para todos os cantos do mundo. Dificilmente há alguma região do mundo onde pelo menos um jogador de futebol do Brasil esteja atuando – e normalmente com bastante destaque. A instituição da Lei Pelé, que visava proteger o jogador de futebol do coronelismo do cartola, acabou favorecendo sobremaneira a figura do empresário que passou a ser um mercador do nosso “pé de obra” pelo Planeta Bola. Com isto, as equipes brasileiras sem ter condições de concorrer com mercados mais ricos começaram a perder seus ídolos e consequentemente suas bases. O que antes era lamentado, hoje é até mesmo fonte de receita para os clubes que formam jovens para atuar pelos principais clubes do mundo, sobretudo os europeus. Assim, fica difícil para o torcedor até mesmo decorar os nomes dos titulares de sua equipe, porque pode perder o craque para uma equipe europeia, como aconteceu com o jovem atacante Pedro Rocha que trocou o Grêmio pelo Spartak de Moscou esta semana. Ou seja, ele vai desfalcar a equipe que ainda briga pelo título de campeão no Brasileirão e tenta vencer novamente a Copa Libertadores da América. Restou ao torcedor ainda continuar a torcer pelos escudos de seus clubes cada vez com menos jogadores talentosos, enquanto a Seleção Brasileira é quase toda formada por “estrangeiros”.
Por que não formar uma seleção genuinamente nacional?
Muita gente se pergunta: por que Tite não convoca apenas jogadores que atuam em equipes brasileiras, uma vez que o Brasil já está classificado para a Copa do Mundo? Isto seria até mesmo possível porque o calendário do futebol brasileiro prevê uma pausa durante os jogos das Eliminatórias. Entretanto, esta fórmula tem alguns problemas sérios. O primeiro- e principal – é o fato de que a Seleção Brasileira serviria como vitrine para que os jogadores que ainda estão no Brasil venham a se tansferir para outros centros com mais rapidez. Assim, na outra convocação, novos valores convocados e nova leva de “estrangeiros”. Segundo, pressão dos empresários. Eles querem ver seus pupilos atuando na Seleção Brasileira para valorizar seus passes em futuras negociações. Terceiro, pressão dos patrocinadores. Ora, os patrocinadores pagam caro para vincular suas marcas à um produto de primeira linha e não ficariam nem um pouco satisfeitos ao ver seus investimentos não serem devidamente valorizados. Ora, a Nike ficaria bem braba ao ver Tite escalando Rodrigo Pimpão no lugar de Neymar e a própria Rede Globo também manifestaria seu desagradao, pois paga uma fortuna pelos direitos de transmissões. Como podemos perceber, não há soluções mágicas. Portanto, meus amigos e amigas, vamos continuar torcendo pela Seleção Brasileira porque ela ainda simboliza um ícone de sucesso de nossa nação que anda bem por baixo em outras áreas.
Briga encarniçada pelas outras vagas
Enquanto o Brasil se dá ao luxo de cumprir tabela, outras sete seleções estão em uma briga encarniçada pelas outras quatro vagas restante. Da segunda colocada, Colômbia, ao oitavo colocado, Paraguai, todos têm chances porque apenas seis pontos separam estas seleções e ainda restam quatro rodadas (incluindo a realizada na quinta-feira). Apesar de atuar fora, Colômbia era favorita contra a Venezuela, lanterna da competição com apenas seis pontos ganhos. Depois, recebe o Brasil em casa, com a vantagem de enfrentar um adversário despreocupado com o resultado. Chile e Paraguai se enfrentaram em Santiago e, caso tenha havido uma vitória chilena, a seleção guarani fica praticamente sem chance na disputa das vagas, porque em seguida jogará em Assunção contra o Uruguai, enquanto Chile atuará na altitude de La Paz contra a Bolívia, outra seleção sem nenhuma aspiração na competição. Antes, porém, a Bolívia jogou em Lima contra o Peru. A seleção peruana viajará a Quito ainda com esperança de manter acesa a chama da classificação na outra rodada. No entanto, o duelo mais esperado da rodada foi a Batalha do Prata que reuniu Uruguai e Argentina, agora sob comando de Jorge Sampaoli. A Albiceleste precisava de um bom resultado em Montevidéu para encaminhar sua classificação no jogo teoricamente bem fácil diante da Venezuela em Buenos Aires. Após estas duas rodadas, as Eliminatórias ficarão mais claras.
Tubarão abocanha atual campeão da Primeira Liga
O Londrina, que tem apelido de Tubarão mostrou vontade na marcação e aproveitou as chances no ataque para fazer 2 a 0 no Fluminense – com dois gols de Carlos Henrique – e eliminar o atual campeão nas quartas-de-final no Estádio do Café na quarta-feira (30). E o placar poderia ter sido maior para o semifinalista da competição. Com metade do time reserva, o Fluminense parecia ter embarcado em Londrina apenas para cumprir o regulamento da Primeira Liga. A dupla de zagueiros e volantes titulares, no entanto, mostrou que Abel queria dar segurança e evitar uma zebra. Para o treinador, seria uma boa partida para dar oportunidade aos reservas. Mas, para o time da casa, era o ‘jogo do ano’. O bicampeonato da Primeira Liga não veio e talvez não fará falta aos planejamentos do clube. A eliminação para um time da Série B, entretanto, aumenta a pressão nas Laranjeiras, que agora aposta as fichas na Sul-Americana para o restante da temporada. Cá para nós, Tubarão ser o mascote do Londrina é um pouco estranho, não?
Cruzeiro segue em frente na Primeira Liga
Sem chances no Brasileirão, a Raposa quer um título para não passar em branco este ano. E o Tricolor dos Pampas tem sido o adversário preferido. Pela terceira quarta-feira seguida, Cruzeiro e Grêmio se enfrentaram. Os dois últimos duelos foram pela semifinal da Copa do Brasil, com estádios lotados, times titulares e muita expectativa. Nesta quarta (30), no Mineirão, um confronto diferente. Estádio vazio, jogo morno e times reservas marcaram a partida válida pelas quartas de final da Primeira Liga. Em campo, o Cruzeiro foi superior e pressionou durante toda a partida, mas marcou os dois gols do jogo nos minutos finais. Aos 43, Raniel abriu o placar. Aos 47, Arrascaeta, que voltou a atuar por 90 minutos pela primeira vez após se recuperar de uma lesão por estresse na tíbia, fechou o placar. Cruzeiro classificado à semifinal onde enfrentará o Londrina no sábado (2) no Estádio do Café.
Galo bate Inter e se classifica
Para ficar no mundo animal, a equipe mista do Galo se segurou e venceu o também time “alternativo” do Internacional, na noite de quarta-feira (30), no Beira-Rio. A partida, válida pelas quartas de final da Primeira Liga, terminou com o placar de 1 a 0 para os mineiros, gol marcado por Clayton ainda no primeiro tempo. Dando uma pausa na rotina do Campeonato Brasileiro, Inter e Galo aproveitaram para dar chance aos seus “renegados”. Apesar da partida valer uma vaga na semifinal da Primeira Liga, ambas equipes entraram em campo com times mistos, compostos, em sua grande maioria, por jogadores reservas. Do lado Colorado, Camilo e Nico López chamavam a responsabilidade. No Atlético-MG, maior qualidade técnica, apesar de o time também ser composto por atletas que não veem atuando no Brasileirão. Robinho e Fred, junto com Clayton, formavam o trio de ataque.
Paraná elimina Flamengo e encara Galo na semifinal
Ainda que nos pênaltis, passou de fase quem valorizou mais a competição entre Flamengo e Paraná. Depois do empate por 1 a 1 no tempo normal – gols de Everton Ribeiro e Renatinho -, os paranaenses garantiram a vaga na semifinal da da Primeira Liga com o triunfo por 5 a 4 nas penalidades, nesta quarta-feira (30), em Cariacica. O próximo adversário do Paraná será o Atlético-MG, que bateu o Internacional por 1 a 0. O duelo acontece já no próximo sábado (2), em Belo Horizonte. Em caso de empate, a vaga na final da segunda edição da Primeira Liga será definida nos pênaltis.