Antonio Tozzi Esportes

Brasil pode formar liga independente, sem a CBF

Coronel Nunes, presidente interino da CBF, está enfrentando tempos difíceis à frente da entidade (Foto: CBF)
Coronel Nunes, presidente interino da CBF, está enfrentando tempos difíceis à frente da entidade (Foto: CBF)

Há três décadas, as principais equipes do futebol brasileiro se rebelaram com os desmandos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e fundaram o então chamado Clube dos 13 – que reunia os quatro grandes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos), os quatro grandes do Rio de Janeiro (Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo), os dois grandes do Rio grande do Sul (Internacional e Grêmio), e os dois grandes de Minas Gerais (Atlético-MG e Cruzeiro) e o Bahia – para tentar dar novos rumos ao futebol brasileiro.

O propósito do Clube dos 13 era lógico. Como eles eram os produtores do espetáculo e tinham em suas fileiras os artistas, por que a CBF teria de ficar com boa parte do faturamento se a entidade cuidava apenas da elaboração de tabelas? E assim foi feito. O racha deixou inclusive sequelas. O Brasileirão foi dividido em dois módulos – Módulo Verde, que reunia as equipes mais populares, e Módulo Amarelo, formado por times alternativos. 

Sport é declarado campeão de 1987

Os campeonatos se desenvolveram até serem definidos os campeões e vices de cada módulo. 

Por determinação da CBF os campeões e vice dos Módulos Verde (Taça João Havelange / Troféu Copa União) e Amarelo (Taça Roberto Gomes Pedrosa) deveriam fazer um quadrangular para se definir o verdadeiro campeão brasileiro de 1987, e os representantes da Libertadores do ano seguinte.

O clube dos 13, organizador dos dois módulos, se recusou a participar deste cruzamento. Para esta entidade que representava os 13 maiores clubes do Brasil, o campeão nacional seria o vencedor do Módulo Verde. Como Flamengo e Internacional se recusaram a participar, a CBF declarou o Sport, vencedor do cruzamento, o campeão Oficial do Brasil de 1987.

Várias batalhas judiciais envolve-
ram a disputa desta competição ao longo dos anos, já que o Flamengo foi declarado pelo Clube dos 13 o campeão de 1987, e o Sport pela CBF.

No mês de maio de 2018, após a maioria dos ministros do Superior tribunal Federal (STF) darem ganho de causa aos pernambucanos, a matéria foi dada como esgotada e não cabe mais discussão quanto ao título brasileiro do Leão. A decisão transitou em julgado, o que significa que estouraram todos os prazos legais para que o Flamengo tentasse reverter a derrota. O processo já teve a sua baixa definitiva efetuada.

CBF em clima de instabilidade 

Agora, insatisfeitos com os rumos do futebol brasileiro comandado pela CBF, os principais clubes brasileiros voltaram a se unir e pretendem retirar das mãos da CBF a organização dos Campeonato Brasileiro das séries A e B. Concordaram, porém, que a entidade organize os campeonatos das séries C e D. E esta alteração, segundo os amotinados, deve ser implantada a partir de 2022.

Os dirigentes dos clubes aproveitaram o momento de fraqueza da CBF, uma vez que seu principal mandatário, Rogério Caboclo, se encontra afastado da presidência da entidade em razão de uma acusação de assédio sexual e moral movido por uma funcionária da CBF contra o presidente. 

Evidentemente, a CBF nomeou como presidente-interino o coronel Nunes, o vice-presidente mais antigo entre seus pares. Ele vem fazendo uma administração, no mínimo, controversa. Convocado pelos diretores dos clubes para discutir as novas fórmulas, fez um rápido pronunciamento e deixou a sede da CBF sem se reunir com os convidados. 

Agora, demitiu na quinta-feira (17), Walter Feldmann, secretário-
geral da CBF, e segundo homem na hierarquia da entidade. A decisão de demitir Feldman foi tomada pelos vice-presidentes da entidade, em comum acordo. Marco Polo Del Nero, que havia indicado Feldmann para o cargo, foi consultado e não se opôs. 

Nova roupagem

Em meio a esse imbróglio, os dirigentes dos clubes tentam manter a unidade. A carta de apoio à criação de uma liga independente foi assinada por 19 presidentes dos clubes da Série A. O único clube que não assinou a carta foi o Sport Club do Recife, por estar temporariamente sem presidente após o afastamento de Milton Bivar. O clube pernambucano está no meio de um processo eleitoral para eleger um novo presidente. No entanto, seus dirigentes confirmaram apoio ao pleito de seus coirmãos.

A reivindicação faz sentido. A CBF atua apenas como intermediária na organização dos campeonatos e acaba lucrando bastante, enquanto os clubes passam por dificuldades para cumprir seus compromissos, formar boas equipes e manter uma estrutura financeira que consiga arcar com todas as despesas.

O modelo de administração ainda não está definido porque o processo encontra-se ainda em um estágio embrionário. Porém, em minha opinião, eles deveriam adotar o modelo implantado pela English Premier League (EPL), que destina 40% da verba distribuída igualitariamente entre os 20 clubes participantes da Série A, 30% àqueles detentores de maiores torcida, e os 30% restantes deveriam premiar os clubes que fizerem melhores campanhas nas competições disputadas. O mesmo modelo seria replicado na Série B.

Faturamento e administração

O faturamento com publicidade, negociações relacionadas às transmissões das partidas nas mais diversas plataformas, comercialização das competições no exterior etc. ficariam a cargo desta liga, que teria uma administração própria nos moldes da EPL, NBA, NFL e outras.

Para isso, seria contratado um CEO que se encarregaria de formar uma equipe de trabalho a fim de maximizar o faturamento dos clubes. Os contratos, neste caso, seriam coletivos – a não ser patrocínios de camisa e parceiras com marcas esportivas que devem continuar sendo individualizados.

Egos precisam ser controlados

O risco de um projeto dessa grandeza não vingar são os egos dos dirigentes. Como os presidentes e diretores são prioritariamente torcedores, há uma enorme possibilidade deles se sentir tentados a intervir na liga, no caso de sua equipe estar indo mal na competição.

A fim de evitar esse problema, sugeriria que os clubes se dividissem em duas unidades: a) o clube poliesportivo, no qual se praticam outras modalidades esportivas e as atividades sociais; b) o clube de futebol, com administração própria, ações promocionais, marketing e toda a parte técnica (elenco, comissão de treinadores, preparadores físicos, centros de treinamento, estádios etc.)

Em pouco tempo, os clubes se tornariam adimplentes e até lucrativos, fazendo com que pudessem segurar seus craques no Brasil em vez de ter de vendê-los para fazer caixa e continuar mantendo este sistema injusto no qual os torcedores nem têm tempo de admirar seus ídolos.

A CBF, por sua vez, continuaria cuidando da Seleção Brasileira de Futebol, em todas suas categorias, organizaria campeonatos menores e faria um trabalho de relações públicas do futebol brasileiro divulgando os clubes no exterior, com participações em torneios internacionais e divulgação de suas marcas.

Pode ser um sonho, mas só vamos saber se pode tornar-se realidade se houver seriedade.

Copa do Brasil: veja todos os classificados para as oitavas de final

Com bom desempenho dos clubes nordestinos e algumas surpresas, foram definidos os 16 classificados para a próxima fase da competição. Os confrontos serão definidos em sorteio previsto para a próxima terça-feira (22), sem potes diferenciados. 

A relação dos classificados:

ABC (Rio Grande do Norte)

Athletico-PR (Paraná)

Atlético-GO (Goiás)

Atlético-MG (Minas Gerais)

Bahia (Bahia)

CRB (Alagoas)

Criciúma (Santa Catarina)

Flamengo (Rio de Janeiro)

Fluminense (Rio de Janeiro)

Fortaleza (Ceará)

Grêmio (Rio Grande do Sul)

Juazeirense (Bahia)

Santos (São Paulo)

São Paulo (São Paulo)

Vasco (Rio de Janeiro)

Vitória (Bahia)

Jardine convoca seleção brasileira para a Olimpíada de Tóquio

Daniel Alves, veterano lateral do São Paulo, liderará equipe na busca pelo ouro no Japão (Foto: São Paulo FC)

O técnico da seleção olímpica masculina de futebol, André Jardine, anunciou na quinta-feira (17) os 18 convocados para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

O veterano Daniel Alves, de 38 anos, do São Paulo, está na lista, juntamente com o zagueiro Diego Carlos, de 28 anos, do Sevilla, e o goleiro Santos, de 31 anos, do Athletico-PR, entre os jogadores com mais de 24 anos da lista.

Veja a lista completa:

Goleiros:

Santos (Athletico-PR)

Brenno (Grêmio)

Laterais

Daniel Alves (São Paulo)

Gabriel Menino (Palmeiras)

Guilherme Arana (Atlético-MG)

Zagueiros

Nino (Fluminense)

Gabriel Magalhães (Arsenal-ING)

Diego Carlos (Sevilla- ESP)

Meias

Douglas Luiz (Aston Villa-ING)

Bruno Guimarães (Lyon)

Gerson (Olympique-FRA)

Claudinho (Red Bulll Bragantino)

Matheus Henrique (Grêmio)

Atacantes

Matheus Cunha (Hertha Berlim- ALE)

Malcom (Zenit- RUS)

Antony (Ajax-HOL)

Paulinho (Bayer Leverkusen-ALE)

Pedro (Flamengo)

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