O Brasil ultrapassou os EUA em número de mortes diárias por covid-19 e agora é o país com mais casos diários da doença em todo mundo. Foram 2,286 mortes somente na quarta-feira (9), recorde desde que a pandemia começou há um ano. No mesmo dia, foram 1,947 óbitos nos EUA.
O número está sobrecarregando o sistema de saúde do país, e já é dificil encontrar vaga nos hospitais de várias cidades. Na média de sete dias, 1,573 pessoas morrem por dia, contra 1,566 nos EUA. Os números são da Oxford University.
Enquanto a maioria das outras nações do mundo consideram que o pior já passou e já planejam uma volta à normalidade, o Brasil passa por uma crise humanitária sem precedentes, com um número cada vez maior de mortes e contaminações pela covid-19. A cada 20 minutos, quase mil novos casos são registrados.
Segundo especialistas, o aumento foi causado em parte pelo surgimento da variante batizada de P.1, em Manaus (AM), mais contagiosa e capaz de reinfectar pessoas que já tiveram outras variantes da doença. As mortes também aumentaram por conta da sobrecarga no atendimento hospitalar, insuficiente para atender tantos casos. Em Manaus, vários pacientes que poderiam ter se salvado morreram nos corredores dos hospitais, muitos deles sufocados pela falta de oxigênio no tratamento.
Os pesquisadores afirmam que o Brasil hoje abriga centenas de variantes de covid-19, e alertam que outras e mais perigosas variantes podem aparecer enquanto o vírus continuar se proliferando e sofrendo mutações, ameaçando os esforços de outros países no controle da pandemia.
“Parece um pesadelo”, disse o diretor-geral do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS) ao jornal The Washington Post. “A coisa mais triste é quando você começa a ver pessoas conhecidas sendo entubadas. São maridos e esposas de amigos, parentes de funcionários…”
Especialistas em saúde pública acusam o presidente Jair Bolsonaro de displicência no combate à pandemia. Na semana passada, o presidente disse que a população precisava acabar com a “frescura”e “parar com o mimimi”. Em discurso, Bolsonaro questionou até quando as pessoas “vão ficar chrorando”.
Os hospitais de Brasília e de 20 dos 26 estados da Federação estão superlotados, com as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) perto do colapso. Caminhões frigoríficos estão sendo usados para estocar os corpos das vítimas, e funcionários de cemitérios trabalham com carga máxima para dar conta dos funerais.
A campanha de vacinação no país começou no dia 17 de janeiro, mas prossegue lentamente e não há previsão de quando haverá vacina para todas as faixas etárias da população. A boa notícia é que a principal vacina ministrada, a CoronaVac chinesa, parece ser eficaz contra a variante P.1 que surgiu no Amazonas.