Antonio Tozzi Opinião

Brasil deve ratificar igualdade salarial entre homens e mulheres

Inegavelmente a igualdade salarial entre homens e mulheres é justa. Afinal, se fazem as mesmas funções, não há porque haver diferença salarial, não é mesmo? Portanto, a decisão do governo brasileiro faz sentido.

Essa equiparação, aliás, é a epítome de mais de um século de lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras em todo mundo.

Luiza Vilela, da Revista Exame, enfatiza sobre a data: “No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, um dos momentos mais importantes do calendário global no mês de março. A data, criada em 1917 para a celebração da luta pelos direitos das mulheres, é um marco essencial para o reconhecimento e fortalecimento do feminismo — e, portanto, da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

“O que muita gente não sabe, no entanto, é a história que originou a data e porque ela é celebrada neste dia. Para se ter ideia, o evento só foi oficializado em 1975, mais de 60 anos após sua criação, em uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). E diferente de outras datas comemorativas, esse foi um dos poucos dias que não foi criado pelo comércio. 

“A luta pela justiça para gênero feminino, apesar de ser oficializada no calendário mundial há menos de 50 anos, já existe há milhares de anos. Desde a Idade Média, com a caça às bruxas, e até antes desse marco, as mulheres lutam para terem seus direitos assegurados e reconhecidos. Ao longo dos séculos, alguns deles foram incluídos na sociedade, se tornaram leis — e até configuraram na Constituição.

“De todas as teorias, a mais aceita é que a data nasceu após uma conferência na Dinamarca em busca de direitos igualitários, em 1910, e foi consolidada por um histórico incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em New York, no ano de 1911. Em 1909, dois anos antes do incêndio, as mulheres nova-iorquinas  que trabalhavam na fábrica têxtil haviam feito uma greve, reivindicando melhores condições de trabalho e o voto feminino. Em conjunto com os nascentes sindicatos e com o Partido Socialista da América, elas se reuniram em uma passeata que reuniu cerca de 15 mil mulheres. A fábrica, na época, recusou as reivindicações.

“Um ano mais tarde, em 1910, esse movimento inspirou Clara Zetkin, famosa ativista alemã, a criar uma data anual para comemoração da luta das mulheres nas conferências de mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague. O dia, no entanto, acabou não sendo definido.

“Em 1911, mesmo diante de greves e manifestações, a Triangle Shirtwaist Company ainda mantinha suas funcionárias — maior parte de sua força de trabalho —, em uma jornada de trabalho de cerca de 14 horas ao dia, em semanas que ultrapassavam as 60 horas — e eram remuneradas com 6 a 10 dólares. Além da redução dessa jornada, as trabalhadoras também buscavam mais segurança no ambiente de trabalho, que tinha risco de incêndio por tecidos inflamáveis.

“Em 25 de março daquele ano, a reivindicação das mulheres se tornou inegável e justificada: A fábrica pegou fogo naquele dia e, dos 600 funcionários, 146 pessoas morreram, sendo 23 homens e 129 mulheres. Diante da fatalidade das trabalhadoras, o mês de março ficou marcado na história como uma conscientização do desastre.”

Com esse resumo, dá para entender a justiça de se consagrar um dia para comemorar a luta das mulheres. Entretanto, alguns pontos que perduram por muito tempo devem começar a ser questionados. Diante desta nova realidade, o homem deve ser responsável por pagar a conta de um jantar romântico ou a conta precisa ser dividida? A norma social é a do homem abrir a porta para a mulher. Isto deve continuar? No caso, cada vez mais frequente, de a esposa ser melhor remunerada do que o marido isto pode gerar atritos no casamento? Ao homem sempre coube o papel de provedor, por isto, ele pode se sentir diminuído ao cuidar da casa e dos filhos enquanto a mulher executiva está discutindo altas negociações com outros homens. Como a sociedade julga esta nova alteração social?

A verdade é que nós, homens, temos de nos adaptar aos novos tempos. Isto pode ser gratificante, desde que não haja o efeito “Revolução dos Bichos”. No livro de George Orwell, os animais da fazenda criticam os métodos cruéis do fazendeiro para com eles. Depois da eliminação do ser humano, os bichos assumem o poder. E os porcos que se tornam os novos mandatários revelam-se iguais ou piores ao homem que os subjugava. Ou seja, mulheres devem ter destaque na sociedade, mas nunca devem perder a ternura, parafraseando Ernesto Che Guevara.

Parabéns mulheres, comemorem bastante neste mês de março. Aliás, comemorem sempre. Vocês merecem!

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